"Achamos que não conseguiríamos": médico relata que Papa Francisco chegou perto da morte
Em entrevista a jornal italiano, Sergio Alfieri disse que equipe cogitou interromper o tratamento

Giovanna Tuneli
Após 38 dias internado e enfrentando uma batalha contra uma pneumonia, o Papa Francisco recebeu alta do hospital no último domingo (23). Ele segue o tratamento em casa. O chefe da equipe médica responsável pelo tratamento do pontífice, Sergio Alfieri, afirmou, em entrevista ao jornal italiano Corriere Della Sera, que eles chegaram a considerar a interrupção do tratamento por causa da gravidade do estado de saúde do argentino.
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O médico, que acompanhou toda a internação, revelou que o momento mais crítico aconteceu no dia 28 de fevereiro, quando o Papa teve uma piora significativa ao engasgar com o próprio vômito. "Estávamos todos cientes de que a situação havia piorado ainda mais e que havia um risco real de que ele não sobrevivesse", contou Alfieri.
"Tivemos que escolher se pararíamos ali e o deixaríamos ir, ou seguiríamos em frente e forçaríamos todos os medicamentos e terapias possíveis, correndo um risco maior de danificar seus outros órgãos", comentou o chefe da equipe médica na entrevista publicada nesta terça-feira (25). Os rins e a medula óssea eram os principais órgãos que poderiam ser afetados.
Sergio disse que Francisco esteve consciente sobre a gravidade a todo momento e que pediu para a equipe médica salvá-lo. "Tente de tudo, não desista", relembrou o chefe sobre o pedido. Ele ainda ressalta que, a pedido do pontífice, os boletins divulgados nunca tiveram nenhuma informação modificada ou omitida.
"Ele segurou minha mão por alguns minutos como se buscasse conforto", afirmou sobre a reação do Papa ao viver o período mais difícil. Alfieri ainda revela que ele e toda a sua equipe viram o sofrimento do pontífice durante a internação. O médico relatou: "Pela primeira vez vi lágrimas nos olhos de algumas pessoas ao seu redor".
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Ao ser perguntado sobre o momento que mais o marcou, Sergio Alfieri relembrou quando viu Francisco, vestido de branco, sair do quarto no décimo andar do Hospital Gememlli, em Roma, na Itália. "É a emoção de ver o homem se tornar Papa novamente", contou o coordenador médico.
O pontífice ainda ficará em repouso pelos próximos dois meses em sua casa, no Vaticano. Encontros frequentes com pessoas, principalmente grandes grupos, foram desaconselhados pela equipe médica, para evitar contato com novos vírus. Ainda não há previsão para o retorno do Papa Francisco a suas atividades regulares, que deve ser feito de maneira gradual, de acordo com Alfieri.