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SBT visita campos de concentração nazistas na Polônia

Série de reportagens sobre o holocausto começa com a história de um dos "campos da morte" no país

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Holocausto: os campos da morte na Polônia
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O SBT foi à Polônia para visitar os campos nazistas que os alemães ocuparam durante a Segunda Guerra Mundial. Em 2023, a ascensão de Hitler completa 90 anos. Na primeira de três reportagens da série "Holocausto: os campos da morte na Polônia", você vai conhecer o campo de Treblinka, para onde os judeus de Varsóvia eram levados. Estima-se que 900 mil deles tenham sido assassinados lá.

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Cheiro de mato e clima fresco no verão. O lugar parece agradável, mas esconde uma história de horror. Treblinka fica a 1h30 de Varsóvia, capital da Polônia. Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, os alemães ergueram um campo de trabalho escravo lá. Logo depois, veio um centro de extermínio.

17 mil foram eram assassinadas em Treblinka. A maioria, judeus. Os corpos eram trazidos a área onde hoje existe um memorial. Em 1943, os alemães nazistas levaram 4 meses para acabar com todo o campo de extermínio.

Não há resquícios dos campos. Os nazistas destruíram todas as provas. Pedras ficam onde antes era a cerca. No lugar dos trilhos de trem, blocos de concreto. A maioria vinha de Varsóvia e acreditava que a viagem era a trabalho. Uma falsa estação os esperava.

Uma maquete simula como era a vida dos 30 alemães que comandavam em média 100 guardas, a maioria presos soviéticos e ucranianos. Eles moravam em uma casa grande, com direito a um lago. Enquanto isso, os prisioneiros eram mortos em menos de três horas nas câmaras de gás. O campo tinha um propósito: matar o maior número de judeus, em menor tempo e custo, conta o guia.

Nas pedras, os nomes das cidades de onde as vítimas vieram. São centenas, milhares. 17 mil rochas foram levadas de várias partes do mundo, entre elas, uma com o nome de Janusz Korczak.

Morto em Treblinka, o escritor polonês, que também era pediatra, foi diretor em um orfanato, em Varsóvia, que funciona até hoje. Judeu, ele dedicou a vida a defender os direitos das crianças. Durante a Segunda Guerra Mundial, teve que se mudar com o orfanato para o gueto de Varsóvia.

A vida no gueto é retratada no instituto que leva o nome de Emanuel Ringelblum. No piso, ainda é possível ver as marcas da guerra. O historiador que viveu no gueto conseguiu reunir documentos secretos sobre essa época e formou um acervo único, diz Katarzyna Person, chefe do departamento de pesquisa.

"Os judeus escreveram, pintaram e desenharam como era a vida no gueto. Eles usaram 10 caixas de metal e duas leiteiras, uma delas está aqui, para contar ao mundo como era o confinamento", afirma Katarzyna.

Em parte da área onde funcionou o gueto, fica uma praça. "O gueto era uma área cercada por muros, muros altos com arame farpado, de onde era impossível escapar. E num lugar que talvez conseguissem viver tranquilamente 100 mil pessoas, colocaram 400, 500 mil pessoas, 2, 3 famílias tinham que dividir o mesmo espaço, não tinham espaço pra nada", diz Marcio Pitliuk, curador do Memorial do Holocausto em São Paulo.

Falta de espaço, de comida, de remédio, de saneamento básico, e já que a morte era um destino certo, os judeus decidiram resistir.

O curador do Memorial do Holocausto, em São Paulo, também escritor e pesquisador, se emociona ao falar da revolta, que ficou conhecida como o Levante do Gueto de Varsóvia: "um grupo de judeus sionistas de esquerda resolveu lutar contra os alemães. Eles não tinham armas, não tinham nada, conseguiram um pouco de armas, um pouco de munição, um pouco de gasolina pra fazer coquetel molotov, por exemplo, e quando os alemães entraram para destruir, para capturar os últimos judeus, a revolta começou".

O levante só terminou um mês depois, com a destruição da sinagoga de Varsóvia. Os judeus que ainda estavam vivos foram enviados aos campos de Treblinka e Majdanek.

Sobre o mesmo chão onde funcionou o gueto, foi construído o Museu Polim, que conta a história dos judeus na Polônia. A exposição mais triste é a sobre o holocausto. Muito do que a Alemanha nazista fez ao povo judaico passa como um filme ao visitante. "O holocausto pode ajudar a explicar porque você deveria dar chance às pessoas que pertencem às minorias, que você não deve destruir o inimigo", diz Mariusz Jastrzabi, educador do museu.

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