Número de mortes após tempestade na Líbia dobra e passa de 5 mil
Segundo a Cruz Vermelha, há pelo menos 10 mil desaparecidos no país

Yula Rocha
Na Líbia, dobrou o número de mortes provocadas após a tempestade Daniel, no fim de semana. Até o momento, já são mais de 5.300 vítimas confirmadas, mas a quantidade de mortos pode aumentar nas próximas horas. Segundo a Cruz Vermelha, há pelo menos 10 mil desaparecidos.
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A chegada da tempestade - que já havia causado estragos e mortes na Europa, engoliu regiões inteiras no litoral leste da Líbia, país do norte da África. A cidade de Derna, de 100 mil habitantes, foi inundada com a força e o volume da correnteza, depois do rompimento de duas barragens e quatro pontes.
Dezenas de corpos recuperados nas enchentes podem ser vistos cobertos nas calçadas. Famílias aguardam a identificação das vítimas para providenciarem os enterros quando a água baixar.
Para complicar, a Líbia está mergulhada em uma caótica crise política, com denúncias de corrupção e interferência externa, desde da queda do ditador Muammar Gaddafi, em 2011.
O país, rico em petróleo, é hoje governado interinamente por dois grupos rivais - sendo apenas um deles reconhecido pelo ocidente. Esta situação atrasa a coordenação internacional para o envio de ajuda humanitária.
A região leste do país - a mais afetada pela tempestade - é controlada por rebeldes do Exército Nacional, que têm o apoio do Egito e dos Emirados Árabes Unidos. É ali que muitas das mortes ocorreram e o número total de vítimas ainda é incerto. O outro extremo do país é administrado pelo governo interino na capital Trípoli, alinhado à Otan. Os dois lados não conversam.
Como se não bastasse tudo isso, a Líbia virou o porto de partida para imigrantes que tentam chegar à Europa cruzando o Mar Mediterrâneo. Ao menos 600 mil, vindos de 44 países, estão nas áreas afetadas pelas enchentes. Os desastres naturais, intensificados pela crise climática, não reconhecem fronteiras e nacionalidades.