Ataque de Exército de Israel mata dez palestinos na Cisjordânia ocupada
Ação agrava a crise na região e eleva para 30 o número de palestinos mortos por Tel Aviv desde o início do ano
Tropas israelenses mataram dez palestinos, incluindo uma idosa, durante uma incursão no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia ocupada, nesta 5ª feira (26.jan). A ação agrava a crise na região e eleva para 30 o número de palestinos mortos por Tel Aviv desde o início do ano.
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O governo israelense afirma ter enviado suas forças especiais para deter suspeitos de participar do grupo Jihad Islâmica que estariam no local. A incursão ocorreu na chamada Área A, sob controle administrativo e policial palestino, de acordo com os termos do acordo de Oslo -- acordo de paz assinado por israelenses e palestinos em 1993.
Houve troca de tiros entre soldados israelenses e militantes do Jihad Islâmica. O Hamas também afirmou ter participado do confronto classificado como "massacre" pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que afirmou que encerraria a coordenação de segurança que mantém com Israel. Ele e outras autoridades palestinas acusam Tel Aviv de ter lançado granadas de gás lacrimogêneo em um hospital e que forças israelenses teriam impedido o resgate das vítimas.
O acampamento de Jenin abriga cerca de 20 mil refugiados, segundo a ONU, e é o principal reduto de resistência palestina, além de reduto de grupos armados palestinos. O local é alvo de operações quase diárias do Exército israelense, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, a incursão desta 5ª foi diferente porque aconteceu à luz do dia e adentrou fundo no campo, algo incomum.
Nesta 6ª feira (27.jan), houve o registro de novos ataques depois que foguetes foram lançados da Faixa de Gaza em direção ao território israelense. Eles foram interceptados pelo sistema de defesa aérea de Israel.
Conflito
As tensões aumentaram na região desde que Israel intensificou os ataques na Cisjordânia na primavera passada. Cerca de 170 palestinos foram mortos na Cisjordânia ocupada e Jerusalém Oriental no ano passado, tornando 2022 o mais mortífero nesses territórios desde 2004, de acordo com o principal grupo de direitos humanos israelense B'Tselem. No mesmo ano, 30 pessoas foram mortas em ataques palestinos contra israelenses.
Repercussão internacional
O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, disse estar "profundamente alarmado e triste" com a violência. A Organização de Cooperação Islâmica e a Turquia, que recentemente restabeleceu relações diplomáticas plenas com Israel, também condenaram a escalada de violência.
As nações árabes do Golfo também criticaram o novo confronto. Anwar Gargash, diplomata sênior nos Emirados Árabes Unidos, alertou que "a escalada israelense em Jenin é perigosa e perturbadora e prejudica os esforços internacionais para promover a prioridade da agenda de paz". Os Emirados Árabes Unidos reconheceram Israel em 2020.
Barbara Leaf, a principal diplomata dos EUA para o Oriente Médio, também se pronunciou. Ela afirmou que o governo Biden está profundamente preocupado com a situação e que as baixas civis relatadas em Jenin são "bastante lamentáveis". Mas Leaf também disse que o anúncio palestino de suspender os laços de segurança é um erro., segundo testemunhas e fontes da segurança locais.