Afegãs protestam após Talibã proibir que frequentem as universidades
Medida contradiz promessas que grupo radical fez ao retomar o poder em 2021
Sérgio Utsch
Mulheres estão protestando em frente a universidades afegãs depois que o Talibã proibiu que elas frequentem as instituições. Desde que retomou o controle do país, o grupo extremista vem retirando vários direitos das mulheres --- como já havia feito, quando governou o Afeganistão pela primeira vez.
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A medida aprofunda a radicalização do Talibã e contradiz as promessas do grupo quando voltou ao poder em 2021. Na época, os radicais afirmaram que respeitariam os direitos das mulheres.
Nesta 6ª feira (23.dez), o ministro da Educação do país, Nida Nadim, afirmou que as estudantes não usavam o véu adequadamente, e que estavam no mesmo ambiente que os homens.
Nadim disse ainda que alguns cursos, como engenharia agrônoma, feriam a dignidade delas. Antes da proibição, o acesso de mulheres a determinados lugares, como parques públicos, ginásios esportivos e academias, já tinha sido limitado pelos talibãs.
O radicalismo deixa o Afeganistão ainda mais isolado da comunidade internacional, inclusive do mundo islâmico, que não poupou críticas ao que o Talibã faz em nome da religião. Arábia Saudita, Catar e Turquia fizeram condenações públicas. O ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou que barrar as mulheres nas universidades não é algo islâmico nem humano.
O país registrou protestos até de colegas homens, que se recusaram a assistir aulas em algumas escolas e universidades do país. Não há consenso nem entre os talibãs. A medida foi uma demonstração de força da ala mais radical e conservadora do grupo, que resiste a qualquer tipo de abertura e considera uma vitória oprimir as mulheres afegãs.
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