O que o "perdão" das aves na Casa Branca revela
Na última semana, ocorreu o evento em que Biden declarou o direito à vida da ave escolhida
Patrícia Vasconcellos
Washington DC -- O gramado em frente à Casa Branca estava cheio. O evento, que é tido como tradição desde 1963, consiste no presidente americano "perdoar" uma ave às vésperas do Dia de Ação de Graças.
Tudo começou em 1963 quando John F. Kennedy decidiu não sacrificar um peru doado pela Associação Americana de Criadores de Aves. A partir de 1981, sob a administração Ronald Reagan, foi estabelecida a regra de que todos os animais "perdoados" seriam levados para uma fazenda onde viveriam de forma digna e não seriam explorados.
Na última semana, o atual presidente norte-americano, Joe Biden, esteve à frente de dois seres batizados por ele de Chocolate e Chip. Dali, os dois perus foram levados para o local onde viverão por toda a vida.
Outros noventa mil, no entanto, segundo o empresário que os doou, seriam sacrificados para a semana do Thanksgiving. Para os que não consomem carne -- caso da autora desta coluna -- o evento é perturbador. Uma cena vista ali descreve bem o sentimento.
Do alto da varanda da Casa Branca, Commander -- o pastor alemão, cão de estimação de Biden -- via o que se passava embaixo ao lado das netas do presidente. Ele chegou ali filhote e é um dos xodós, com razão, da família presidencial norte-americana.
Diante daquele quadro -- o cão de estimação, as aves "perdoadas", jornalistas e convidados fotografando tudo como em um espetáculo, veio o questionamento interno. O que faz Commander ser diferente de Chocolate e Chip e de tantas aves que nascem e vivem para simplesmente serem consumidas? O perdão, ao fim, não é para Chocolate e Chip. O perdão é nosso.
O casamento da neta do presidente
No último fim de semana a Casa Branca recebeu convidados para um evento privado. A neta de Joe Biden, Naomi, se casou na área externa. Os correspondentes do chamado pool, a equipe que cobre todos os eventos do presidente americano, não estavam presentes e o fato gerou reclamações entre os jornalistas.
Muitos entenderam que o evento, mesmo particular, era de interesse público por ter a presença do presidente. Não houve volta atrás na decisão. A Casa Branca divulgou as fotos logo após a cerimônia e a família Biden celebrou a união sem a imprensa. Naomi usou um vestido da marca Ralph Lauren inspirado no que foi usado por Grace Kelly em 1956.
Natal de desafios para o governo Biden
As árvores natalinas já foram entregues na Casa Branca e o mês de dezembro promete mais que a expectativa da festa do dia 25. Legisladores republicanos, que a partir de janeiro de 2023 serão maioria na Câmara, avisaram que pretendem abrir uma auditoria para investigar o envio de ajuda econômica para a Ucrânia.
Todos os pacotes de auxílio foram aprovados até hoje por votação da maioria Democrata. Com a nova composição no Congresso, não está claro como a Casa Branca irá colocar em prática a decisão de financiar a defesa militar de Kiev até o fim do conflito. Os Estados Unidos também já se comprometeram a custear parte da reconstrução do país quando a invasão russa chegar ao fim.
Os efeitos das sanções americanas no mundo
Em entrevista à autora desta coluna para a Associação dos Correspondentes Estrangeiros dos Estados Unidos, Agathe Demarais -- autora de Backfire -- explica porque os efeitos das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos contra a Rússia estão com os dias contados. Demarais ainda comenta os efeitos secundários dessas sanções no Ocidente e faz uma projeção para as próximas duas décadas.