COP27: Brasil, Indonésia e Congo podem formar bloco econômico verde
Vitória de Lula como presidente faz ressurgir boato da união, que traria investimentos de países ricos
A vitória nas urnas para a presidência do Brasil e o convite oficial para participar da Conferência das Partes da Organização das Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27) causaram um novo burburinho nos bastidores da política ambiental mundial.
O evento, que vai até 18 de novembro em Sharm El-Sheikh, no Egito, será o primeiro compromisso internacional de Luiz Inácio Lula da Silva -- antes mesmo da posse -- e pode ser o local para firmar um acordo entre os países detentores das maiores florestas tropicais do mundo.
Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo abrigam 52% da vegetação primária tropical da Terra. Essas matas originais são essenciais para evitar catástrofes naturais, pois funcionam como reguladoras do clima e são freios naturais para o aquecimento global.
Tamanha importância conjunta gera poder para propor acordos comerciais, como a venda de créditos por mitigar as emissões de carbono e o financiamento de programas de conservação. Afinal, os países desenvolvidos, que devastaram suas florestas, precisam daqueles em desenvolvimento, que estão mais preservados e funcionam com o "pulmão" do planeta.
O Brasil abriga a maior parte da Amazônia. A Indonésia tem as florestas de Bornéu e Sumatra. O Congo tem a bacia que leva o mesmo nome do país. Todas são ameaças pelo garimpo, a exploração ilegal de recursos naturais e bioativos químicos, o comércio ilegal de madeira e a grilagem de terras para agropecuária pouco profissional, que não está inserida no agronegócio.
Acabar com esses crimes é um dos maiores objetivos dos líderes mundiais reunidos na COP27. É também um dos maiores desafios. Pois as nações detentoras das florestas não tem recursos suficientes para fiscalizar, coibir e formar a tão necessária bioeconomia, consciente e sustentável. A não ser com o apoio dos países ricos.
Alguns deles já perceberam a importância da parceria há um bom tempo, como a Noruega, que financiava o Fundo Amazônia. Deixou de fazer por conta do aumento de 70% em desmatamento durante o governo de Jair Bolsonaro. No dia seguinte a vitória de Lula, os escandinavos anunciaram a retomada: R$ 490 milhões de euros por ano. A Alemanha também já sinalizou que pode voltar a contribuir: 35 milhões de euros.
Veja também: