Forças de Paz da ONU matam dois e ferem 15 na República Democrática do Congo
Secretário-geral da organização disse estar consternado com o incidente e defendeu a prisão dos envolvidos
O Secretário-geral da ONU, António Guterres, se disse indignado pela morte de duas pessoas por forças de paz na República Democrática do Congo, e parabenizou a decisão do chefe da missão de deter os envolvidos e abrir investigação.
No domingo (31.jul), militares da ONU que retornavam de um período de férias abriram fogo em um posto de controle de Kasindi, na fronteira com a Uganda, matando pelo menos duas pessoas e ferindo outras 15.
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Segundo as Nações Unidas, os autores do tiroteio foram identificados e devem permanecer presos enquanto aguardam as conclusões das investigações, que serão feitas com as autoridades congolesas. Ainda segundo a chefe da Missão das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo (Monusco), Bintou Keita, os países de origem dos capacetes azuis envolvidos no incidente também foram comunicados.
As tensões entre a população do inquieto leste do Congo e a força de paz da ONU aumentaram dramaticamente na semana passada, com quase 20 mortos em protestos pedindo que a força deixe a região.
Bintou Keita disse estar profundamente chocada com o tiroteios em Kasindi. "Este grave incidente causou perda de vidas e ferimentos graves", escreveu no Twitter.
Os manifestantes acusam as forças de paz de não proteger os civis em meio à crescente violência. A missão tem mais de 16.000 militares uniformizados no Congo, de acordo com a ONU.
O leste rico em minerais do Congo é o lar de inúmeros grupos rebeldes. A segurança piorou lá, apesar de um ano de operações de emergência dos exércitos do Congo e Uganda. Civis no leste também enfrentam a violência de rebeldes jihadistas ligados ao grupo Estado Islâmico, além do aumento de combates entre tropas congolesas e rebeldes do M23. Quase 200 mil pessoas foram forçadas a fugir de suas casas.
O subsecretário-geral da ONU para operações de paz, Jean-Pierre Lacroix, se reuniu com o presidente do Congo, Felix Tshisekedi, no sábado (30.jul), em Kinshasa, para discutir a cooperação entre a missão da ONU e o governo do Congo. Três funcionários da ONU estavam entre outros 15 mortos no início da semana em Butembo.
"Foi uma oportunidade de falar sobre como podemos aprender com o que está acontecendo e trabalhar juntos", disse Lacroix,
Em um comunicado no domingo, o governo do Congo ofereceu condolências e apoio às famílias enlutadas e instou a província de Kivu do Norte a ficar calma para que "um incidente desse tipo não aconteça novamente".
* Com informações da Associated Press