Ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos morre aos 79 anos
País declarou luto oficial de cinco dias
O ex-presidente da Angola José Eduardo dos Santos morreu aos 79 anos nesta 6ªfeira (8.jul), informou o governo do país em comunicado divulgado no Facebook.
Ele governou a Angola por quase quatro décadas, travou a mais longa guerra civil do continente e transformou seu país em um grande produtor de petróleo, bem como uma dos nações mais pobres e corruptas do mundo. De acordo com o comunicado, o ex-presidente estava internado em uma clínica, onde tratava de uma doença.
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O atual chefe de Estado de Angola, João Lourenço, anunciou cinco dias de luto oficial a partir de sábado (9.jul), quando a bandeira do país será hasteada a meio mastro e os eventos públicos serão cancelados.
Dos Santos chegou ao poder quatro anos depois que Angola conquistou a independência de Portugal. Sua jornada política abrangeu o governo marxista de partido único nos anos pós-coloniais e um sistema democrático de governo adotado em 2008. Ele renunciou voluntariamente quando passou a ter problemas de saúde.
Em público, dos Santos era despretensioso e até parecia tímido às vezes. Mas ele era um operador astuto nos bastidores. Manteve um forte controle sobre o palácio presidencial do século XVII em Luanda, a capital atlântica do país da África Austral, distribuindo a riqueza de Angola entre seus generais do exército e rivais políticos para garantir sua lealdade. Ele rebaixava qualquer um que percebesse estar ganhando um nível de popularidade que poderia ameaçar seu comando.
O maior inimigo de Dos Santos por mais de duas décadas foi Jonas Savimbi, líder dos rebeldes da UNITA, cuja insurgência guerrilheira pós-independência lutou com o objetivo de derrubar o Movimento Popular de Libertação de Angola, ou MPLA, de Dos Santos.
O MPLA teve apoio financeiro da União Soviética e apoio militar de Cuba em sua guerra contra a UNITA. Savimbi foi apoiado pelos Estados Unidos e África do Sul.
A guerra duraria, com breves períodos de paz mediada pela ONU, até 2002, quando o exército finalmente localizou Savimbi no leste de Angola e o matou.
Dos Santos abandonou abruptamente suas políticas marxistas após o colapso da União Soviética no início dos anos 1990. Ele se aproximou de países ocidentais, cujas companhias petrolíferas investiram bilhões de dólares principalmente em exploração offshore.
Seus apoiadores elogiaram sua capacidade de se adaptar às novas circunstâncias. Seus críticos o chamavam de inescrupuloso.
Dos Santos foi convidado para a Casa Branca em 2004 pelo então presidente George W. Bush, pois os Estados Unidos buscavam reduzir sua dependência do petróleo do Oriente Médio. Angola tornou-se o segundo maior produtor de petróleo da África Subsariana depois da Nigéria, produzindo cerca de 2 milhões de barris por dia. Também desenterrou mais de US$ 1 bilhão em diamantes a cada ano.
No entanto, a riqueza nunca chegou ao povo angolano, que durante e após a guerra civil estava em risco devido a grandes áreas de campos minados não mapeados e com pouco acesso a serviços básicos, como água corrente ou estradas. A educação e os cuidados de saúde eram -- e continuam a ser -- escassos.
* Com informações da Associated Press