OMS continua em busca do agente causador de hepatite aguda em crianças
Surto da doença desafia autoridades no Reino Unido, União Europeia e nos Estados Unidos
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) continua em busca do agente causador da hepatite aguda em crianças e adolescentes de um mês até 16 anos. De acordo com Richard Pebody, líder da Equipe de Patógenos de Alta Ameaça da OMS/Europa, a maioria das crianças tem menos de dez anos.
Segundo dados da agência, cerca de 170 crianças foram diagnosticadas com o vírus, dentre elas houve um óbito e 17 precisaram de transplante de fígado.
"O que é particularmente raro é que a maioria das crianças eram saudáveis antes e também que a proporção de casos de falha do fígado e necessidade de transplante é maior. [...] Casos inexplicáveis de hepatite já existiram, mas não nessa proporção", destaca Philippa Easterbrook, especialista médica no Programa Global de HIV, Hepatite e DST da OMS, durante coletiva de imprensa nesta 5ª feira (28.abr).
O agente causador da inflamação no fígado aguda nas crianças é desconhecido e a OMS não estabeleu conexão com as causas infecciosas -- vírus e bactérias -- e causas não infecciosas usuais como comida e intoxicação. "Não parece haver uma exposição comum a um remédio, a uma viagem, a um agente", afirmou Richard Pebody.
Philippa Easterbrook também destacou que a causa não é a vacinação contra a covid-19, já que a maioria das crianças não recebeu a vacina contra o coronavírus.
A OMS trabalha com autoridades do Reino Unido, onde há concentração majoritária do número de casos, e busca agora coletar, coordenar e compartilhar informações com outros países que também apresentam casos da hepatite aguda em crianças.
A organização recomenda que sejam realizados testes de sangue, soro, urina, fezes e amostras respiratórias para que outros países identifiquem, investiguem e notifiquem casos potenciais. Outros países como Espanha, Israel, Estados Unidos, Dinamarca, Irlanda, Holanda, Itália, Noruega, França, Romênia e Bélgica também registraram casos.
Os dois especialistas alertaram para pais e responsáveis não entrarem em pânico e prestarem atenção em seus filhos. A infectologista Ana Helena Germoglio completa que o momento é de alerta.
"Médicos que atendem no pronto-socorro, pais, responsáveis, professores. Crianças que apresentarem sintomas como febre, mal-estar, dor no corpo, vômitos, pele e olhos amarelados, é preciso ir ao serviço de saúde", finaliza.
Coronavírus e adenovírus
O adenovírus - que em crianças geralmente causa infecções no trato respiratório e no trato intestinal - foi identificado em 74 pacientes e o SARS-CoV-2 em 20 casos. 19 jovens apresentaram a combinação dos dois vírus. Além disso, 19 foram detectados com uma co-infecção por SARS-CoV-2 e adenovírus.
A OMS continua apoiando os países nas investigações sobre o novo vírus e segundo a agência, a melhoria dos testes laboratoriais, que inclui testes de toxicologia, ambientais virológicos e microbiológicos, pode identificar uma condição rara do adenovírus que antes não era detectada.
Situação do Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, até o momento, não há casos confirmados ou suspeitos da doença. "Os Centros de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) monitoram junto aos núcleos de epidemiologia hospitalar da Rede Nacional de Vigilância Hospitalar (RENAVEH) qualquer alteração do perfil epidemiológico, bem como a detecção de casos inesperados de hepatite aguda grave em crianças.A pasta orienta aos profissionais de saúde e da Rede Nacional de Vigilância, Alerta e Resposta às Emergências em Saúde Pública do Sistema Único de Saúde (VigiAR-SUS) que estejam atentos e que suspeitas sejam notificadas imediatamente", apontou, em nota, ao SBT News.
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