Fuga da Ucrânia: brasileiro conta como foi sair de Kiev durante invasão
João Muller conta, em seu canal "Diário da Terceira Guerra", suas impressões sobre o conflito em território ucraniano
SBT News
Muito antes das sirenes anunciarem à população de Kiev o início da invasão russa, na madrugada desta 5ª feira (24.fev), milhares de ucranianos já se apressavam para deixar a capital a país ou, pelo menos, garantir os suprimentos necessários para se abrigar em algum lugar mais seguro.
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O brasileiro João Guilherme Muller, que vive com a esposa, que é ucraniana, em Kiev, estava entre os moradores que deixaram a região momentos antes da incursão militar, ordenada pelo presidente Vladimir Putin, e contou à Produção de Jornalismo do SBT o ambiente caótico que presenciou, enquanto se dirigia a um trem, a caminho de Lviv, cidade que fica na fronteira com a Polônia.
Aliviado, o empresário lembra que, um dia antes da invasão, sabendo que existia a possibilidade de um ataque ao país, comprou passagens de trem para ele e a mulher, que está grávida, deixarem a cidade. "A gente amanheceu já com a notícia de que o aeroporto havia sido atacado, e devido ao fato de já termos comprado a passagem de trem no dia anterior, que a gente comprou porque já havia a informação de que poderia haver um ataque durante a madrugada, conseguimos então pegar um espaço no trem, que se esgotou imediatamente depois do ataque", explicou.
O brasileiro destacou ainda que a localização da estação de trem, em um bairro no centro de Kiev, também ajudou no deslocamento do casal, visto que todos os carros, que tentavam deixar a cidade, iam em direção às rodovias de saída da capital.
"Como a gente pegou a contramão do fluxo de pessoas que estavam andando na rua, um fluxo muito grande de carros na rua, de pessoas querendo abastecer, de pessoas querendo sair da cidade... a cidade ficou bloqueada, os acessos da cidade ficaram bloqueados, eram filas nos mercados, nos caixas eletrônicos para sacar dinheiro, e a gente conseguiu evitar tudo isso, indo em direção ao centro, que estava mais vazio", disse João Guilherme, destacando todo o cenário de pânico que tomava conta da cidade.
O empresário relata, por fim, que ao chegar no terminal, minutos antes dos primeiros mísseis atingirem a Ucrânia, as pessoas já demonstravam sinais de medo e desespero. "Conseguimos presenciar um clima diferente [na estação], pessoas com uma feição mais pesada, inclusive pessoas que não tinham bilhete do trem, tentando subornar os guardas do trem, oferecendo 100 dólares", acrescentou.
Já no trem, a quilômetros de distância de Kiev, João Guilherme busca um local onde possa ficar em segurança com a esposa; um lugar onde a filha possa vir ao mundo, em paz. "Estamos agora em busca de um lugar onde tenham menos chances de acontecer uma tragédia ainda maior".
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