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Ex-embaixador do Brasil na Ucrânia comenta atual tensão no país

Segundo Renato Marques, região separatista é primordial no funcionamento da economia ucraniana

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Vista da Praça da Independência, em Kiev. Ela está iluminada com a cor vermelha
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Em entrevista ao SBT, o ex-embaixador do Brasil na Ucrânia, Renato Marques, comentou a atual tensão na Ucrânia, invadida pela Rússia na madrugada desta 5ª feira (24.fev).

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Leia a entrevista abaixo, concedida aos jornalistas Darlisson Dutra e Marcelo Torres:

A Ucrânia esperaria do Brasil, por exemplo, uma atuação diferente do que o país vem tendo até agora?

Neste momento, a Ucrânia está mais preocupada com a reação dos países aliados, como Estados Unidos e União Europeia, que juntos integram a Otan. Eu não acredito que a parte deles vai ocorrer uma participação direta em território ucraniano. O que vimos foram os americanos enviando helicópteros para os países bálticos - Letônia, Lituânia, Estônia e Polônia. Isso já tinha precedido por um movimento no sentido de reforçar a presença militar na Romênia. Uma participação da Otan dentro da Ucrânia me parece descartada. Estaria em princípio descartado o próprio ingresso da Ucrânia na Otan pelo fato de, mesmo no passado, havia bases de países estrangeiros na Crimeia [antes de ser anexada], no caso, a base naval da Rússia. Essa base já desqualificaria a Ucrânia como candidata potencial a ingresso na Otan. A partir de 2014, quando os separatistas tomaram parte de Lukah e Donetski, a Ucrânia e a Rússia desenvolveram algo que podemos chamar de "guerra por procuração", uma vez que não havia um embate direto com a Rússia, mas haviam forças em terra que estavam a serviço dos russos. Esse elemento também desconselharia a Otan a admitir a Ucrânia como membro.

Em um período de guerra, como agora, como o país reage?

Uma parcela significativa da população estava em seus carros se dirigindo, provavelmente, à saída ocidental, o que antecipa uma possível massa de refugiados. O esvaziamento da cidade [se referindo ao baixo fluxo de carros e pessoas na Praça da Independência, um dos principais pontos turísticos na cidade de Kiev é resultado dos pedidos do presidente Volodymyr Zelensky para que a população fique em casa.

Qual é a falta que a região separatista vai fazer para a Ucrânia?

A Ucrânia é um dos maiores produtores de produtos siderúrgicos, instaladas na região separatista. Da mesma forma, as minas de carvão da Ucrânia, importantes para o processo siderúrgico, também estão na região. Isso já seria um "baque" importante no funcionamento da economia ucraniana. Além disso, há ingresso de tropas russas pelo portos de Naiobu e Odessa, que fazem conexão com o Mar Negro. Ambos são os principais portos para escoamento da exportação ucraniana, de produtos siderúrgicos, industriais e agrícolas. O que vier a acontecer nessa área, caso incorpore as minas de carvão, as usinas e ocupar os dois portos, a Ucrânia vira um país mediterrâneo.


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