"Sei que ele está aqui conosco", diz filha de vítima do 11 de Setembro
SBT News ouviu o relato de familiares e ex-socorristas 20 anos depois no Memorial às vítimas
Patrícia Vasconcellos
Nova York -- É como um choro constante. O marco zero, onde ficavam as torres gêmeas, no sul de Manhattan, é composto de duas instalações arquitetônicas onde, em cada uma, é possível ver e ouvir a água que cai constantemente. Nas pedras, no entorno das duas áreas onde ficavam os edifícios, estão gravados os nomes das vítimas. Quase três mil. Uma imensidão de letras numa área relativamente extensa. Ali, uma jovem de 24 anos, tirava fotos do filho de cinco de meses de idade. "Acabo de chegar e sem saber vim direto para o local onde está gravado o nome do meu pai. Tenho certeza que ele está comigo aqui agora", disse Kaitlyn Nolan. Ela é filha de Daniel R. Nolan. O americano trabalhava no escritório de uma empresa de informática localizado no World Trade Center na manhã do dia 11 de Setembro de 2001. Kaitlyn, que tem nas costas a tatuagem dos edifícios de Manhattan e o nome do pai nos contou que esta é a primeira vez que ela vem a Nova York. Neste sábado (11.set), dia do marco dos vinte anos do atentado, ela participará da cerimônia em homenagem as vítimas e lerá parte dos nomes dos que morreram há duas décadas. "Sei que ele está aqui conosco", diz Kaitlyn ao SBT News.
A poucos metros dali, um jovem de vinte e sete anos olhava em silêncio o memorial. Michael Meany conta que tinha 7 anos quando o atentado aconteceu. "Eu estava no colégio, no Brooklyn. Fomos todos para a janela e conseguimos ver do outro lado do rio a fumaça e poeira que aparecia em Manhattan. A professora então fechou a cortina para que não pudéssemos mais ver. Foi uma experiência traumática mesmo para alguém tão pequeno". Michael relata que todas as vezes que caminha pelo memorial de Nova York sente arrepios. "É um lugar de tributo, de respeito". Outro entrevistado do SBT News, Jack Shock, trabalhou como voluntário da Cruz Vermelha no atentado de 2001. "Eu presenciei o momento em que mudaram os trabalhos de busca de sobreviventes para resgate dos corpos. Foi muito dolorido para todos", relata Shock. Ele lembra que as autoridades, na época, também demoraram um tempo até exigir o uso de máscara para proteção da saúde dos que trabalhavam no entorno.
Próximo à árvore batizada de sobrevivente porque permaneceu viva mesmo depois de ser descoberta entre os escombros, coroas de flores. Uma foi enviada pelo Conselho de Segurança da ONU, outra pelo Setor de Fronteiras do governo americano e uma terceira mandada pelo governo da Irlanda. O palco onde, no sábado, familiares participarão da cerimônia exclusiva para eles, técnicos faziam o teste de som. Para os americanos e o restante do mundo, o acompanhamento das imagens da manhã deste sábado (11.set) será por transmissão televisiva. O acesso ao Memorial permanecerá fechado até mesmo para pedestres já nas primeiras horas do dia 11 de Setembro. A cerimônica começará às 9:30 pelo horário de Brasília e o primerio minuto de silêncio será às 8:46, um minuto depois do primeiro avião colidir com a torre. O presidente americano Joe Biden irá comparecer ao evento e estará acompanhado da primeira dama Jill Biden. O democrata irá percorrer neste sábado os três locais onde houve o atentado há vinte anos: além do marco zero em Manhattan onde ficavam as torres gêmeas, ele irá ao Pentágono e ao local na Pensilvânia onde o avião da United Airlies caiu.
Veja reportagem do SBT Brasil: