Cidades costeiras estão em perigo devido a aquecimento global, diz ONU
Relatório provisório do Painel sobre Evolução do Clima aponta perigo de aumento do nível do mar
Cidades costeiras no mundo todo estão ameaçadas pela subida do nível do mar, inundações e intensificação de ondas de calor, informa o relatório provisório do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (IPCC, na sigla em inglês), da Organização das Nações Unidas (ONU).
Estas cidades estariam "na linha de frente" das consequencias da crise climática que, segundo o levantamento, pode redesenhar os continentes. "O nível do mar continua a subir, as inundações e as ondas de calor são cada vez mais frequentes e intensas e o aquecimento aumenta a acidez do oceano", observam os cientistas no relatório de 4 mil páginas sobre os impactos das mudanças climáticas.
A subida do nível do mar, que segundo peritos pode subir 60 centímetros até o final do século, ameaça contaminar solos agrícolas com água salgada e engolir infraestruturas estratégicas, como portos ou aeroportos, fato preocupante tendo em vista que 10% da população mundial e trabalhadores estão a menos de dez metros acima do nível do mar.
"O destino de muitas cidades costeiras é sombrio sem uma queda drástica nas emissões de CO2", dizem os pesquisadores. "Qualquer que seja a taxa dessas emissões, o aumento do nível dos oceanos acelera e continuará a ocorrer durante milénios".
Apesar das previsões, as cidades costeiras seguem crescendo, especialmente na Ásia e África. O documento informa que um aquecimento global acima do limiar de 1,5 ºC (grau centígrado), fixado pelo acordo de Paris, teria "impactos irreversíveis para os sistemas humanos e ecológicos". Os peritos afirmam que a sobrevivência da humanidade pode estar ameaçada e alguns dos perigos futuros destacados sã falta de água, fome, incêndio e êxodo em massa.
O relatório de avaliação global dos impactos do aquecimento, criado para apoiar decisões políticas, apontou resultados mais alarmantes que o anterior, de 2018.
O documento deverá ser publicado em fevereiro de 2022, após a aprovação pelos 195 Estados-membros da ONU e depois da conferência climática COP26, marcada para novembro em Glasgow, na Escócia.
Prevista originalmente para novembro de 2020, a 26.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), com líderes de 196 países, empresas e especialistas, foi adiada devido à pandemia de covid-19.