Mundo
Merkel evita falar sobre possível vitória de Trump e defende ciência
A chanceler disse que não comentaria sobre a atuação do presidente norte-americano no combate à crise da Covid-19
Sérgio Utsch
• Atualizado em
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A chanceler Angela Merkel disse nesta 2ª feira (2 nov) que não comentará sobre a atuação do governo dos Estados Unidos no combate à pandemia do novo coronavírus antes das eleições norte-americanas. Mas afirmou que defende a ciência.
"Eu certamente não vou fazer isso um dia antes das eleições. Fora isso, até por minha formação, eu naturalmente dou muita importância aos conselhos dos cientistas", disse a alemã, em coletiva de imprensa, para defender as medidas tomadas por seu governo, como o lockdown parcial imposto no país.
Heiko Maas, ministro das Relações Exteriores, também afirmou que seria "perigoso" se ele, como ministro, revelasse seus "desejos pessoais sobre o resultado das eleições em outros países".
No entanto, em outro trecho da entrevista que deu ao Tagesspiegel am Sonntag de ontem, deixou clara a insatisfação do governo alemão com a postura de Trump. "Nós tivemos que ouvir Trump colocando China, Rússia e a União Européia como os principais inimigos dos Estados Unidos em um único respiro. Isso tem que acabar".
Relação EUA-Alemanha
Desde o fim da Segunda Guerra, a Alemanha é um dos parceiros mais importantes dos Estados Unidos. Os norte-americanos também foram um dos maiores fiadores do processo de reunificação do país, em 1990. Com inquilinos democratas ou republicanos, a Casa Branca sempre foi muito próxima de Berlim. Com Trump, essa lógica mudou.
Discreta e pragmática, Angela Merkel tem estilo oposto ao do presidente norte-americano. A imprensa alemã descreve com frequência que a Alemanha não tem atualmente os mesmos níveis de cooperação com os Estados Unidos que tinha na época de Barack Obama.
Na prática, o último e mais decisivo gesto do norte-americano em relação à Alemanha foi a decisão de retirar os 12 mil militares que os Estados Unidos mantém no país. O anúncio foi em julho e terminou com décadas de um reforço militar contra o que a Europa vê como uma ameaça russa. As tropas norte-americanas são parte da estratégia da Otan, a aliança militar entre países do hemisfério norte.
O anúncio foi em julho e justificado por Donald Trump pelo fato de a Alemanha não gastar 2% do PIB em defesa, como prevê um acordo entre os países que fazem parte da Otan. Apenas 10 dos 30 integrantes da aliança militar já colocarm os gastos militares nesse patamar. "Estamos reduzindo nossa força porque eles não estão pagando a conta", disse Trump, em julho, a repórteres da Casa Branca.
Acordo de Paris
Antes disso, o diálogo já tinha esfriado quando o presidente estadunidense retirou seu país do acordo do clima de Paris e, mais recentemente, da Organização Mundial da Saúde. Os alemães também ficaram incomodados quando os Estados Unidos, no fim do ano passado, inviabilizaram a nomeação de novos juízes para o órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio.
Trump já tinha sentido os ares de insatisfação que vinham de Berlim. "A China quer me ver fora. O Irã quer me ver fora. A Alemanha quer me ver fora", disse a seus apoiadores em um evento de campanha, no último sábado. Se os dirigentes da maior economia européia são mais cautelosos com as palavras, admitem publicamente que a relação tem que mudar.
O país já tem a proposta de um novo acordo transatlântico que, segundo o ministro Heiko Maas, será apresentado aos Estados Unidos depois das eleições, seja qual for o vencedor. Com os democratas, as chances podem ser maiores. "Joe Biden defende a tradição que vê as cooperações internacionais como uma força dos Estados Unidos", disse, em mais uma clara "não resposta" sobre o que pensam os alemães.
"Eu certamente não vou fazer isso um dia antes das eleições. Fora isso, até por minha formação, eu naturalmente dou muita importância aos conselhos dos cientistas", disse a alemã, em coletiva de imprensa, para defender as medidas tomadas por seu governo, como o lockdown parcial imposto no país.
Heiko Maas, ministro das Relações Exteriores, também afirmou que seria "perigoso" se ele, como ministro, revelasse seus "desejos pessoais sobre o resultado das eleições em outros países".
No entanto, em outro trecho da entrevista que deu ao Tagesspiegel am Sonntag de ontem, deixou clara a insatisfação do governo alemão com a postura de Trump. "Nós tivemos que ouvir Trump colocando China, Rússia e a União Européia como os principais inimigos dos Estados Unidos em um único respiro. Isso tem que acabar".
Relação EUA-Alemanha
Desde o fim da Segunda Guerra, a Alemanha é um dos parceiros mais importantes dos Estados Unidos. Os norte-americanos também foram um dos maiores fiadores do processo de reunificação do país, em 1990. Com inquilinos democratas ou republicanos, a Casa Branca sempre foi muito próxima de Berlim. Com Trump, essa lógica mudou.
Discreta e pragmática, Angela Merkel tem estilo oposto ao do presidente norte-americano. A imprensa alemã descreve com frequência que a Alemanha não tem atualmente os mesmos níveis de cooperação com os Estados Unidos que tinha na época de Barack Obama.
Na prática, o último e mais decisivo gesto do norte-americano em relação à Alemanha foi a decisão de retirar os 12 mil militares que os Estados Unidos mantém no país. O anúncio foi em julho e terminou com décadas de um reforço militar contra o que a Europa vê como uma ameaça russa. As tropas norte-americanas são parte da estratégia da Otan, a aliança militar entre países do hemisfério norte.
O anúncio foi em julho e justificado por Donald Trump pelo fato de a Alemanha não gastar 2% do PIB em defesa, como prevê um acordo entre os países que fazem parte da Otan. Apenas 10 dos 30 integrantes da aliança militar já colocarm os gastos militares nesse patamar. "Estamos reduzindo nossa força porque eles não estão pagando a conta", disse Trump, em julho, a repórteres da Casa Branca.
Acordo de Paris
Antes disso, o diálogo já tinha esfriado quando o presidente estadunidense retirou seu país do acordo do clima de Paris e, mais recentemente, da Organização Mundial da Saúde. Os alemães também ficaram incomodados quando os Estados Unidos, no fim do ano passado, inviabilizaram a nomeação de novos juízes para o órgão de apelação da Organização Mundial do Comércio.
Trump já tinha sentido os ares de insatisfação que vinham de Berlim. "A China quer me ver fora. O Irã quer me ver fora. A Alemanha quer me ver fora", disse a seus apoiadores em um evento de campanha, no último sábado. Se os dirigentes da maior economia européia são mais cautelosos com as palavras, admitem publicamente que a relação tem que mudar.
O país já tem a proposta de um novo acordo transatlântico que, segundo o ministro Heiko Maas, será apresentado aos Estados Unidos depois das eleições, seja qual for o vencedor. Com os democratas, as chances podem ser maiores. "Joe Biden defende a tradição que vê as cooperações internacionais como uma força dos Estados Unidos", disse, em mais uma clara "não resposta" sobre o que pensam os alemães.
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