Ator escocês nasceu em família de imigrantes irlandeses e deixa o mundo como um dos grandes nomes do cinema
Sean Connery ator
Leonardo Ferreira
• Atualizado em
Publicidade
Era 25 de agosto de 1930. O mundo passava por diversas transformações e não imaginava que ainda naquela década conheceria o horror do maior conflito armado da história da humanidade. Alheios às turbulências que começavam na Europa, uma família de imigrantes irlandeses comemorava o nascimento de Thomas Sean Connery. A criança chegou ao mundo em um bairro do subúrbio de Edimburgo, capital da Escócia. A mãe era uma trabalhadora doméstica e o pai um operário de fábrica e motorista de caminhão. O nome Thomas foi uma homenagem ao avô materno.
Um jovem de muitas profissões
Antes de ser conhecido como Sean, o jovem Connery cresceu sendo chamado de "Thomy" por familiares e amigos. Na escola descatava-se por sua altura. Ele cresceu até atingir 1,88 metros. Seguiu a profissão do pai e tornou-se operário. Antes, em seu primeiro emprego, trabalhou como entregador de leite. Aos 16 anos entrou para a Marinha Britânica. Sua carreira militar, entretanto, terminou quatro anos depois por causa de uma úlcera.
Connery, que a esta altura já adotava o nome do meio, ainda atuou em diversas profissões: motorista de caminhão, salva-vidas e modelo. Chegou a ficar em terceiro lugar no concurso "Mister Universo" de 1950. Sean Connery ainda foi jogador de futebol e chegou a receber proposta do Manchester United, mas recusou para seguir na carreira que mudaria a sua vida.
Estreia no cinema e convite para viver James Bond
Sean Connery estreou no cinema em 1955, na comédia musical "Lilacs in the Spring". Seu papel foi pequeno e não recebeu crédito. O jovem ator seguiu fazendo pontas em diversas produções, mas foi em 1959 que ganhou o seu primeiro destaque. Connery viveu o vilão do filme "A Maior Aventura de Tarzan".
Mas o seu maior papel só viria três anos depois. Em 1962, Connery foi escolhido para dar vida a James Bond no filme "007 contra o Satânico Dr. No". Era a estreia do famoso espião nos cinemas. O sucesso foi tanto que rendeu mais quatro longas da série. Sean Connery chegou a desistir do papel, mas voltou para mais dois filmes do espião, o último deles, "Nunca Mais Outra Vez", estreou em 1983.
O nome de Sean Connery já estava consagrado. O sucesso de James Bond rendeu a ele outros papéis de destaque. Em 1986, interpretou o protagonista de "O Nome da Rosa", adaptação do livro do italiano Umberto Eco. No ano seguinte conquistou o seu primeiro Oscar, como Melhor Ator Coadjuvante pelo seu papel em "Os Intocáveis". Ao longo da carreira ainda participou de filmes como "Marnie, as Confissões de uma Ladra", "Até os Deuses Erram", "Indiana Jones - A Última Cruzada" e "Assassinato no Expresso Oriente". Trabalhou com alguns dos maiores diretores do cinema, como Steven Spielberg e Alfred Hitchcock.
O último papel foi em "A Liga Extraordinária", de 2003. Segundo amigos, o fraco desempenho nas bilheterias afetou o ator, que decidiu trabalhar nos bastidores e emprestar a voz para animações.
Homenagem da Realeza e ativismo
Em 05 de julho de 2000, Sean Connery recebeu da Rainha Elizabeth II a Ordem de cavaleiro e o título de "sir" por sua atuação no cinema. A cerimônia aconteceu em um palácio de Edimburgo e a monarca viajou até a cidade para entregar a honraria. Segundo a imprensa britânica, a realeza relutou em conceder o título ao ator devido ao seu ativismo pela independência da Escócia. De acordo com amigos e familiares, Sean Connery chegou a tatuar no corpo a frase "Escócia para sempre".
Com mais 90 papéis no cinema, três Globos de Ouro, dois BAFTAs (considerado o "Oscar britânico"), Sean Connery passou os últimos anos afastado da carreira que o tornou conhecido em todo o mundo. Completou 90 anos em isolamento por causa da pandemia. Ao longo de sua vida, o astro sofreu com problemas de saúde e, segundo seu filho, "estava mal" nos últimos dias. Deixou o mundo e os fãs, enquanto dormia, em sua casa nas Bahamas.
