Mundo
Chanceler alemã, Angela Merkel, faz apelo nacional para evitar lockdown
Até reuniões familiares e festas privadas estão sendo consideradas fontes de contaminação do coronavírus
Sérgio Utsch
• Atualizado em
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A chanceler alemã Angela Merkel fez um apelo, nesta quarta-feira (30.set), pra que todos no país façam a sua parte pra frear o aumento do número de casos do novo coronavírus e evitar um segundo lockdown nacional. "Isso traria perdas econômicas e emocionais, com pessoas morrendo sozinhas nos hospitais ou em asilos porque seus familiares não vão poder segurar a mão delas".
Foi um raro apelo emocional de uma líder conhecida pelo pragmatismo e cada vez mais consolidada como uma das mais populares do mundo. Os níveis de aprovação de Angela Merkel variam entre 65% e 80% nas últimas pesquisas feitas no país. O partido dela, o CDU (União Democrática Cristã), também está à frente em todas as consultas.
Como os outros países europeus, a Alemanha enfrenta um aumento do número de casos nas últimas semanas. Nas últimas 24 horas, foram 1.848. É muito menos que a maior parte dos vizinhos. Ainda assim, o governo decidiu que é hora de agir pra evitar o pior.
Em reunião com os presidentes dos 16 estados alemães, foi definida uma linha de ação de única. Quanto maior o número de casos em cada região, menor será o número de pessoas permitidas em encontros públicos e privados. "Em lugares onde há mais de 35 infecções por cem mil residentes em uma semana, o número de pessoas será limitado a 50 em encontros públicos e a 25 se for na casa de alguém", explicou a Chanceler após o encontro com os representantes dos Estados.
O sistema de rastreio alemão identificou reuniões familiares e festas privadas como as principais fontes de contaminação nas últimas semanas. Com a informação mais precisa sobre a origem dos casos, os testes podem ser feitos de maneira mais eficiente. Proporcionalmente, o Reino Unido (356 mil testes por milhão de habitantes) testa mais que a Alemanha (186 mil testes por milhão de habitantes), mas os números da pandemia mostram que os alemães encontraram um equilíbrio maior.
Nas duas últimas semanas, a Alemanha teve pouco mais de 30 contaminados pra cada 100 mil habitantes, enquanto o Reino Unido, no mesmo período, já passou dos 100 novos casos na mesma proporção de habitantes. O número de vítimas também mostra como os alemães foram mais eficientes pra salvar vidas. O Reino Unido tem mais de 42 mil mortos (619 por milhão de habitantes), enquanto a Alemanha tem 9.494 (114 por milhão de habitantes).
O que Angela Merkel fala, a maior parte dos alemães ouve com muita atenção. A credibilidade da Chanceler e a cultura colaborativa dos alemães foram essenciais pra manter os números baixos no país. Não é a toa que milhões se referem a ela como "Mutti", um termo carinhoso em alemão pra chamá-la de mãe. O mandato de Merkel à frente do governo alemão termina em outubro de 2021 e nenhum candidato a sucessor se aproxima dos seus índices de aprovação e popularidade. Em entrevista à tv pública alemã ARD, em julho, ela foi perguntada se "não pensa, às vezes, que precisa permanecer numa posição de responsabilidade". A pergunta soou quase como um apelo pra que ela reconsiderasse a sua decisão de deixar a política, mas foi interrompida em seu final com um sonoro "Nein".
( A foto que ilustra a reportagem é do pool da agência Reuters na cobertura da Cúpula de Bruxelas em julho de 2020 )
Foi um raro apelo emocional de uma líder conhecida pelo pragmatismo e cada vez mais consolidada como uma das mais populares do mundo. Os níveis de aprovação de Angela Merkel variam entre 65% e 80% nas últimas pesquisas feitas no país. O partido dela, o CDU (União Democrática Cristã), também está à frente em todas as consultas.
Como os outros países europeus, a Alemanha enfrenta um aumento do número de casos nas últimas semanas. Nas últimas 24 horas, foram 1.848. É muito menos que a maior parte dos vizinhos. Ainda assim, o governo decidiu que é hora de agir pra evitar o pior.
Em reunião com os presidentes dos 16 estados alemães, foi definida uma linha de ação de única. Quanto maior o número de casos em cada região, menor será o número de pessoas permitidas em encontros públicos e privados. "Em lugares onde há mais de 35 infecções por cem mil residentes em uma semana, o número de pessoas será limitado a 50 em encontros públicos e a 25 se for na casa de alguém", explicou a Chanceler após o encontro com os representantes dos Estados.
O sistema de rastreio alemão identificou reuniões familiares e festas privadas como as principais fontes de contaminação nas últimas semanas. Com a informação mais precisa sobre a origem dos casos, os testes podem ser feitos de maneira mais eficiente. Proporcionalmente, o Reino Unido (356 mil testes por milhão de habitantes) testa mais que a Alemanha (186 mil testes por milhão de habitantes), mas os números da pandemia mostram que os alemães encontraram um equilíbrio maior.
Nas duas últimas semanas, a Alemanha teve pouco mais de 30 contaminados pra cada 100 mil habitantes, enquanto o Reino Unido, no mesmo período, já passou dos 100 novos casos na mesma proporção de habitantes. O número de vítimas também mostra como os alemães foram mais eficientes pra salvar vidas. O Reino Unido tem mais de 42 mil mortos (619 por milhão de habitantes), enquanto a Alemanha tem 9.494 (114 por milhão de habitantes).
O que Angela Merkel fala, a maior parte dos alemães ouve com muita atenção. A credibilidade da Chanceler e a cultura colaborativa dos alemães foram essenciais pra manter os números baixos no país. Não é a toa que milhões se referem a ela como "Mutti", um termo carinhoso em alemão pra chamá-la de mãe. O mandato de Merkel à frente do governo alemão termina em outubro de 2021 e nenhum candidato a sucessor se aproxima dos seus índices de aprovação e popularidade. Em entrevista à tv pública alemã ARD, em julho, ela foi perguntada se "não pensa, às vezes, que precisa permanecer numa posição de responsabilidade". A pergunta soou quase como um apelo pra que ela reconsiderasse a sua decisão de deixar a política, mas foi interrompida em seu final com um sonoro "Nein".
( A foto que ilustra a reportagem é do pool da agência Reuters na cobertura da Cúpula de Bruxelas em julho de 2020 )
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