Nova Iorque sob a névoa de mais um desafio para Donald Trump
Depois da pandemia e dos protestos contra o racismo e a violência policial, as queimadas na costa oeste dos Estados Unidos desafiam o governo Trump
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Nova Iorque - Da janela do apartamento do Brooklyn era possível ver o céu que variava entre o branco o cinza claro. Uma espécie de neblina às 9h da manhã. O sol brilhava e a previsão do tempo mostrava ausência de nuvens para todo o dia com temperatura agradável. E como estaria o visual de Manhattan? Da estação de metrô até a Clark Street foram 30 minutos. Dali, ainda no Brooklyn, é possível ver um dos mais lindos ângulos do famoso horizonte desenhado pelos edifícios do sul da ilha. Também se vê a estátua da Liberdade que tinha como fundo a cor prata escondendo o azul.
Sim, havia fumaça pairando sobre Nova Iorque e ela vinha de longe. A informação foi confirmada pelo Serviço Nacional Meteorológico de Nova Iorque, que apontou, com imagens de satélite, as queimadas na costa oeste do país e a nuvem proveniente do fogo cruzando os Estados Unidos a uma altura de 25 mil pés (7.620 metros).
If you looked up to the sky today, you may have seen a yellow or brown tinge. You were seeing smoke from the fires out W. This GOES-16 visible satellite shows smoke at 25,000 ft, as well as active fires and the busy tropics. We took a photo at our office to show the smoky sky. pic.twitter.com/tAgfomjNNC
? NWS New York NY (@NWSNewYorkNY) September 15, 2020
De agosto até esta terça-feira, 15 de setembro, pelo menos trinta e cinco pessoas morreram nos Estados Unidos por consequência das queimadas em três estados: Califórnia, Washington e Oregon. Nesse último, a imagem de cães farejadores que buscam desaparecidos entre os escombros das casas de madeira que vieram abaixo impressiona. Moradores daquela região afirmam que nunca viram algo parecido em anos anteriores. Na Califórnia, na cidade de San Dimas, o americano Ryann Vienna gravou no celular o momento em que linces bebiam água da piscina.
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Manhattan, nesta terça-feira, com céu opaco pela nuvem de fumaça que viajou pelos EUA | Foto: Patrícia Vasconcellos
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Linces bebendo água na piscina na Califórnia | Reprodução: Associated Press
Imagens de um país que ainda lidera o ranking de casos e mortes pela covid-19 e há três meses viu cidades de diferentes regiões serem tomadas pelos protestos contra o racismo e a violência policial.
Agora, o assunto que desafia mais uma vez o governo Trump é o meio ambiente. Na segunda-feira, dia 14, o presidente americano incluiu uma viagem de emergência à Califórnia. Ao lado do governador democrata Gavin Newson falou sobre as queimadas. Trump afirmou que o fogo fora de controle é consequência da forma equivocada que os governos estaduais lidam com o manejo das florestas. Em uma reunião com autoridades locais, foi pressionado pelo secretário de Recursos Naturais da Califórnia, Wade Crowfoot, que disse: "Se nós ignorarmos a ciência e colocarmos a cabeça na areia e pensarmos que tudo é sobre o manejo da vegetação não teremos sucesso juntos para proteger os californianos." Trump respondeu: "Vai começar a esfriar. Apenas observe". O secretário retrucou: "Espero que a ciência concorde com você". O presidente americano, então, disse: "Eu não acho que a ciência saiba".
Na batalha diária pela conquista do eleitorado, o candidato democrata à presidência Joe Biden focou no assunto. Antes de viajar à Flórida, gravou um discurso dizendo: "Quando Donald Trump pensa em mudança climática ele pensa em farsa. Quando eu penso sobre isso, penso em empregos bem remunerados que colocam os americanos para trabalhar na construção de uma nação mais forte e mais resistente ao clima". Biden afirma que os Estados Unidos precisam de um presidente que acredite na ciência. Chamou Donald Trump de um "incendiário climático", lembrou da retirada do país do acordo de Paris e garantiu que em seu governo o aquecimento global será levado a sério. Do lado republicano, o tom é mantido. Donald Trump citou Biden, no fim da segunda-feira, assim: "Você viu que Joe Biden tão fraco, cansado e sonolento foi à Delaware votar?". O presidente americano se referia às primárias para escolher o conselho eleitoral do Condado de New Castle.