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Trump e Biden se empenham para ganhar o voto dos latinos

Donald Trump e Joe Biden focam em eleitorado latino no momento em que os Estados Unidos fazem a contagem do Censo 2020

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Trump e Biden se empenham para ganhar o voto dos latinos
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O aviso da visita estava na caixa de correios em um envelope identificado como "Censo 2020". A jornalista afobada que já danificou inúmeras cartas ao longo dos anos pela ansiedade de saber o conteúdo, fez diferente: colocou a correspondência contra a luz para identificar onde estava o papel interno e não cortá-lo acidentalmente. A notificação era clara e simples. Em dois idiomas, inglês e espanhol, dizia: "um entrevistador do censo dos Estados Unidos passou por aqui hoje para fazer uma entrevista com sua família. Precisamos da sua ajuda para contar todos no país, fornecendo informações básicas sobre as pessoas que vivem ou estão hospedadas neste endereço".





Abaixo, havia a indicação de como proceder para completar o questionário online fornecendo um número de identificação. Jornalistas estrangeiros nos Estados Unidos têm a condição de não imigrantes. O endereço permanente é o país de origem e a estadia em solo americano é definida como uma missão de trabalho, independentemente do tempo de permanência para que essa função seja executada. A orientação da correspondência, portanto, não se aplica aos jornalistas estrangeiros, mas é obrigatória para todos que são residentes deste país independentemente do status migratório. É o que diz a constituição americana, mas Donald Trump pensa diferente.

Em julho, o presidente dos Estados Unidos assinou uma ordem executiva determinando que imigrantes ilegais não fossem contabilizados no Censo deste ano. O texto oficial emitido pela Casa Branca dizia: "Havia uma época em que você podia declarar com orgulho ?sou cidadão dos Estados Unidos', mas agora a esquerda radical está tentando apagar a existência desse conceito e esconder o número de estrangeiros ilegais em nosso país (...) não vou aceitar isso". 

A história do Censo e da tentativa de Donald Trump de retirar os não documentados da contagem oficial -- que é feita a cada 10 anos -- repercute ainda nesta segunda-feira por um detalhe da agenda oficial. Trump visitou neste 14 de setembro, no Arizona,  a coalizão "Latinos por Trump". A parada em Phoenix ocorreu depois de uma visita à Califórnia, onde Trump se atualizou, nesta segunda-feira, sobre os estragos provocados pelos incêndios na costa oeste. Foi um ajuste de última hora para tratar do outro assunto ? queimadas ? que exigiu de Trump um posicionamento após dias de silêncio sobre o tema. Sobre os latinos, Trump buscou no Arizona o apoio que vem sedimentando há semanas. No domingo, em Las Vegas, o presidente americano teve uma reunião com a comunidade de imigrantes dos países das Américas do Norte, do Sul e Central. Naquele momento, disse: "os hispânicos americanos personificam muito o sonho americano, tanto quanto qualquer pessoa que eu possa imaginar."

Reconhecer a importância dos imigrantes e ao mesmo tempo defender a exclusão do Censo dos não legalizados parece uma realidade de discursos conflitantes. Sobre isso, Trump disse também neste domingo em Las Vegas: "Os hispânico-americanos assim são chamados porque eles entendem que é preciso lei e ordem. Eles querem que mais pessoas venham para nosso país. Eu também quero, mas que eles entrem através de um processo legal".

A importância dos eleitores hispânicos que ganharam cidadania

Ganhar o apoio da comunidade latina legalizada ? e com direito a voto ? é essencial não só para Donald Trump, mas também para Joe Biden, seu rival democrata. Projeções do Pew Research Center mostram que os latinos representam o segundo maior grupo de eleitores nestas eleições americanas depois da comunidade branca. Só no estado da Flórida são 3,1 milhões de eleitores hispânicos. Nesta terça-feira, dia 15, Biden vai às cidades de Tampa e Kissimee. O candidato democrata terá uma reunião com veteranos na primeira cidade e em seguida participará de um encontro no "mês da herança hispânica". Será a primeira visita de Biden à Flórida desde que ele foi nomeado oficialmente candidato à presidência.

Biden afirma que sua campanha é inclusiva, focada não só nos americanos nativos mas nos cidadãos latinos e afro-americanos. A campanha democrata foca ainda nos jovens e nas mulheres. Kamala Harris, candidata democrata a vice presidente, esteve na Flórida antes que Biden. Na semana passada ela visitou com o marido a cidade de Doral, onde é grande a população de descendência venezuelana. Uma das paradas foi o restaurante que tem como slogan "os sabores favoritos da América Latina". No cardápio, arepas vendidas no estilo fast food.
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