Ronnie Lessa diz que Rivaldo Barbosa queria incriminar ex-marido de Marielle
Em depoimento ao STF, Lessa disse também que a morte do motorista de Marielle, Anderson Gomes, não fazia parte do plano
O ex-policial militar Ronnie Lessa, assassino confesso da vereadora Marielle Franco, disse nesta quinta-feira (29), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal, que o ex-delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, tinha intenções de incriminar o ex-marido de Marielle, Eduardo Alves.
No terceiro dia de depoimento, Ronnie Lessa foi questionado pelas defesas dos réus. As perguntas, que tentavam encontrar falhas na delação premiada do ex-policial, geraram embates entre os advogados e o promotor de Justiça do caso.
Lessa disse acreditar que a Delegacia de Homicídios do Rio, na época do crime chefiada por Rivaldo Barbosa, queria incriminar o ex-marido da vereadora por causa do primeiro do endereço repassado pelos mandantes. A intenção seria matar Marielle na casa do ex-companheiro.
"A princípio, aquele endereço da Rua do Bispo era da casa dela. É o que passaram pra gente, que ela mora lá. Depois de muito tempo a gente foi descobrir que ela não morava lá. Eu estava até preso quando descobri que ali era a casa do ex-marido", afirmou Lessa.
"Aquilo pra mim foi uma grande até uma safadeza por parte de quem programou isso, porque seria uma oportunidade única de incriminar o pobre coitado por um crime passional", completou o ex-policial.
Lessa disse também que a morte do motorista de Marielle, Anderson Gomes, não fazia parte do plano: "eu estava empregando o armamento errado. A arma era 9mm. Os tiros foram concentrados na vítima Marielle e por acaso atingiram o Anderson".
"Devia ter empregado a munição que usam para combater terrorista em voo", afirmou o assassino.
Ao ser questionado sobre o acordo de colaboração premiada, Ronnie Lessa admitiu que escondeu informações sobre o planejamento do crime de Élcio de Queiroz, ex-policial militar, amigo de Lessa que dirigiu o carro no dia do assassinato. Foi assim que Lessa deixou uma carta na manga, caso a investigação do crime chegasse até ele.
"Se o Élcio soubesse de tudo, eu hoje não estaria aqui. Ele teria simplesmente relatado do início ao fim. Como a cadeia de comando, por exemplo, ele não sabia de nada. Isso foi uma precaução minha e funcionou", disse o ex-policial.