Justiça do Rio proíbe crianças nos desfiles das escolas dos grupos de acesso
A Superliga, que representa mais de 70 agremiações, anunciou que vai recorrer

SBT News
A Justiça do Rio de Janeiro proibiu a participação de crianças e adolescentes nos desfiles das escolas de samba dos grupos de acesso. A decisão ocorreu após a prefeitura mudar o lugar do evento. No novo local, há riscos, já que a área ao redor é controlada pelo crime organizado.
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Com 11 anos, Sophia já tem samba no pé. A passista mirim se preparou para desfilar, mas pode ficar fora do Carnaval. "Se as crianças não podem desfilar, os adultos também não podem desfilar. Acho isso muito decepcionante, estou muito triste", disse a menina.
Os desfiles dos grupos de acesso, que começarão nesta 6ª feira (16.fev) serão em uma avenida, na zona norte da capital fluminense - com nova infra-estrutura. Mas, segundo a Polícia Militar, o local oferece risco de balas perdidas. O presidente da escola Arrastão de Cascadura, Armínio Erthal, está revoltado com a proibição imposta aos menores de idade.
"A criança então está proibida de viver no rio de janeiro?", disse. Ainda de acordo com ele, "a criança tem um sonho, fica ansiosa, e ninguém pensou na criança". A ordem, que partiu da juíza Mônica Machado, leva em consideração a posição dos órgãos ligados à segurança pública sobre o local.
Segundo a juíza, a decisão foi baseada no Estatuto da Criança e do Adolescente e levou em conta o parecer da PM, que é desfavorável à presença de crianças e adolescentes no evento, inclusive entre o público. As escolas que desrespeitarem a determinação poderão ser responsabilizadas judicialmente.
A Superliga, que representa mais de 70 agremiações, anunciou que vai recorrer. Ela alega que milhares de jovens ensaiaram ao longo do ano e não podem ser prejudicados na véspera do desfile, que tem o apoio da subprefeitura. "A gente faz um apelo também à Justiça porque as crianças fazem parte do desfile, fazem parte do espetáculo", afirmou o subprefeito Diego Vaz.
A restrição não atinge os desfiles da Marquês de Sapucaí - apesar de o sambódromo ficar entre comunidades com tiroteios. Segundo o especialista em segurança pública José Ricardo Bandeira, "uma medida tão radical" como a proibição aplicada "merece ser vista em sua amplitude". Em suas palavras também, "o Estado, como poder moderador, como poder de polícia, possui outros meios de prover a segurança do cidadão".
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