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Justiça

PGR pede fim de inquérito no STF contra Bolsonaro por fake news

Lindôra diz faltar elementos para processar ex-presidente por incitar crime na pandemia da covid-19

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A viceprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pediu nesta 5ª feira (16.fev), o arquivamento do inquérito em que Jair Bolsonaro (PL) é investigado por suposta incitação ao crime. O ex-presidente é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta fake news espalhada em outubro de 2021 durante uma live transmitida ao vivo em rede social na internet sobre os riscos de se contrair o vírus do HIV em vacinados contra a covid-19.

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A Polícia Federal (PF) havia concluído que foram encontrados indícios suficientes para se investigar Bolsonaro por incitação ao crime. O pedido de investigação partiu da CPI da Covid. Em dezembro de 2021, a PGR já havia apontado problemas legais no inquérito aberto contra o então presidente da República.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito no STF, negou o pedido de arquivamento da PGR, na época, e determinou que a PF prosseguisse com as apurações. Em dezembro do ano passado, um relatório das apurações indicou os elementos de crimes para se buscar a responsabilização de Bolsonaro.

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O ex-presidente, que está nos Estados Unidos, desde dezembro, nomeou um advogado nos inquéritos abertos no STF. Marcelo Bessa é o defensor de Bolsonaro. 

"Da análise cautelosa dos autos, não se vislumbram elementos mínimos capazes de amparar a propositura de uma ação penal no caso em epígrafe, ante a inexistência de indícios quanto aos elementos objetivos e subjetivos dos delitos tipificados nos artigos 41 da Lei de  Contravenções Penais e 286 do Código Penal", escreve Lindôra Araújo, em manifestação anexada ao Inquérito 4888 do STF.

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Trecho da manifestação da PGR | Reprodução

Live na pandemia

Bolsonaro transmitiu no dia 21 de outubro de 2021, em uma de suas lives semanais em redes sociais, e teria "disseminado desinformações na pandemia (fake news)". O ex-presidente disse que "relatórios oficiais do governo do Reino Unido" teria sugerido que os vacinados contra a covid estariam "desenvolvendo a síndrome de imonudeficiência adquirida muito mais rápido do que o previsto" - o que é uma mentira.

Também é alvo do inquérito o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro no Planalto Mauro Cid.

Segundo a PGR, a responsabilização penal "dependeria da comprovação de uma efetiva colocação em risco do bem jurídico tutelado - a ordem pública e a tranquilidade da população -, ou seja, alguma evidência de que as condutas do presidente da República, por ocasião dos fatos, realmente provocaram alarma nas pessoas ou foram capazes de produzir pânico".

"Ocorre que, apesar dos elementos colhidos durante a investigação, não restou demonstrado que as afirmações realizadas pelo então Presidente da República, com a participação de Mauro Cesar Barbosa Cid, produziram ou tiveram capacidade de produzir pânico ou tumulto na população. Em outras palavras, não houve, durante a investigação criminal, a colheita de provas no sentido de que as declarações feitas por Jair Messias Bolsonaro causaram alarma na população ou que, pelo menos, tinham capacidade para isso", vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.

"Mesmo que se possa considerá-las reprováveis, as afirmações feitas por Jair Messias Bolsonaro, apontadas no aludido relatório, reforçam um padrão de conduta que guarda sintonia com seu agir político desde o início da pandemia, o que indica não haver a autoridade  requerida agido com a intenção de gerar pânico na população", sustenta a PGR.

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