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Justiça

"Não aguento mais", diz ex-dono da Boate Kiss ao ser interrogado

Em uma semana de julgamento, foram ouvidas 28 pessoas, entre testemunhas e sobreviventes

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Elissandro Sporh
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O julgamento do caso Kiss completou uma semana nesta 4ª feira (8.dez) com o fim da fase de depoimento de testemunhas e vítimas e o começo do interrogatório dos réus. Elissandro Sporh, ex-sócio da boate, se prontificou a ser o primeiro réu a falar.

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O dono da boate disse que foi o engenheiro Samir Samara, que fez a obra na casa noturna, quem sugeriu construir uma parede de pedras e colocar a espuma para resolver o problema do isolamento acústico que incomodava a vizinhança. E que ele concordou com a instalação do material.

Elissandro contou que não sabia do uso de artefatos pirotécnicos na boate. E que nunca havia visto a banda Gurizada Fandangueira usar esse tipo de material. Se tivesse, não permitiria.

Depois, Kiko, como é conhecido, começou a descrever a noite do incêndio. Ele foi à boate com a esposa, Nathalia Daronch, que já testemunhou no júri. Enquanto assistia ao show da banda, um cliente embriagado apareceu. Kiko disse que levou o cliente para fora e um funcionário avisou que tinha acontecido algo no palco. Ele chorou ao relatar o que aconteceu depois do incêndio e que foi agredido por parentes de vítimas. Kiko disse que se desesperou, ainda na madrugada da tragédia, quando descobriu que eram pelo menos 30 mortos. "Eu perdi um monte de amigo, eu perdi funcionário, cara", disse, gritando e chorando bastante.

Na 5ª feira (9.dez), a ordem do interrogatório, feita por sorteio, será: Luciano Bonilha (produtor da banda Gurizada Fandangueira), Mauro Hoffmann (ex-sócio da Kiss) e Marcelo de Jesus do Santos (ex-vocalista da banda).

Testemunhas

O dia começou com depoimento do ex-prefeito de Santa Maria e atual secretário municipal de Porto Alegre, Cezar Schirmer. Na condição de testemunha e na defensiva, ele disse que não teve responsabilidade pelo incêndio. Schirmer chegou a ser denunciado por improbidade administrativa mas o processo foi arquivado.

"Desde o começo eu ouço insinuações de que eu deveria estar aqui, não como testemunha -- eu estou aqui como testemunha -- que eu deveria estar aqui como réu. Não fiz nada, doutor. Nada, nada, nada, absolutamente nada, que pudesse comprometer a mim. E nenhum servidor da Prefeitura agiu de tal forma que tenha contribuído para o que aconteceu naquela noite, que foi um incêndio, apenas isso, um incêndio, com vítimas fatais, e eu lastimo muito tudo o que ocorreu", disse ao juiz Orlando Faccini Neto.

Schirmer também disse que sua preocupação era "amparar a dor de uma cidade inteira". Revoltados, pais das vítimas se retiraram no plenário e rezaram. Uma mãe passou mal durante o depoimento. Outra ironizou o prefeito: "Para nós foi um deboche. Ele nunca se aproximou de nós", disse Maria Aparecida Neves, mãe de uma vítima.

O promotor de justiça Ricardo Lozza também falou como testemunha. Ele foi o responsável pelo termo de ajustamento de conduta firmado com a Kiss em 2011. O documento previa regularização da licença ambiental e um plano para diminuir o barulho causado pela boate. O promotor disse que o projeto aprovado pelo MP não previa a instalação de espuma. "Jamais o Ministério Público sugeriu, recomendou, comentou qualquer coisa com espuma", falou. Ele também explicou por que não fechou a Kiss. Segundo ele, a responsabilidade era da Prefeitura: "Quem é que podia fechar a boate por licença vencida? Aquele que tem o poder de polícia para fazê-lo. Neste caso, a municipalidade."

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