Kiss: com audiências agilizadas, réus serão interrogados nesta semana
Sexto dia de julgamento teve quatro depoimentos, três deles a pedido da defesa do ex-dono da boate
SBT News
O juiz do caso Kiss, Orlando Faccini Neto, definiu nesta 2ª feira (6.dez) a ordem dos próximos depoimentos. Ele já havia determinado que, a partir desta semana, serão ouvidas pelo menos três pessoas por dia no fórum de Porto Alegre. Com as audiências aceleradas, os depoimentos de vítimas e testemunhas acabam na 5ª feira (9.dez), quando o primeiro réu deverá ser interrogado. Se seguir a ordem da denúncia, o primeiro será Elissandro Spohr, ex-sócio da boate.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Na 4ª feira (8.dez), ocorrerá um dos depoimentos mais esperados. Vai falar na condição de testemunha o ex-prefeito de Santa Maria Cezar Schirmer, atual secretário de Planejamento e Assuntos Estratégicos de Porto Alegre. Schirmer não chegou a ser indiciado por falha na fiscalização da boate, mas sofre um desgaste desde a tragédia e é possível candidato a governador pelo MDB.
O sexto dia do julgamento teve três depoimentos arrolados pela defesa do ex-sócio Elissandro Sporh. Dois eram de parentes: o sobrinho e a esposa de Kiko. Ambos disseram que Elissandro não queria instalar a espuma acústica na casa noturna, mas foi orientado pelos engenheiros a fazer isso para evitar barulho na vizinhança, no centro de Santa Maria.
O sobrinho, Willian Machado, de 27 anos, sugeriu que o incêndio começou porque o réu Marcelo de Jesus dos Santos, ex-vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, pulou com o artefato pirotécnico na mão.
A esposa de Elissandro, Nathalia Daronch, disse que estava na boate na noite do incêndio, mas como era gestante sentou para descansar no hall da Kiss no momento do incêndio e não viu como as chamas começaram. A promotora Lucia Helena Callegari mostrou à Nathalia fotos da banda de Elissandro -- ele também é músico -- usando artefatos pirotécnicos dentro da Kiss.
Nathalia e Kiko choraram quando ela falou sobre a reação das filhas do casal, quando Nathalia saiu para o julgamento: "Elas me disseram 'mãe, traz o pai de volta pra casa'. Eu não pude responder que sim ou que não porque eu não sei a resposta disso. 'Mãe, o pai vai passar Natal com a gente?' e eu disse que não sei".
O ex-promoter da Kiss Stenio Rodrigues Fernandes, de 30 anos, falou como testemunha de Kiko. Ele disse que saiu antes do incêndio e que nunca viu artefato pirotécnico na boate, mas testemunhou um show da banda Gurizada Fandangueira, em outro local, com uso desses dispositivos, na semana anterior à do incêndio. "Eu afastei os promoters da frente do palco. Eles (a banda) estavam utilizando os fogos, eu não me recordo se chegou a machucar, queimar alguém, porque estava 'chuviscando' onde a gente estava", disse.
Também falou como vítima o irmão do vocalista, que era percussionista da banda. Márcio de Jesus dos Santos disse que o grupo sempre usou artefatos pirotécnicos. Ele foi polêmico: "Se eu disser que entendo da dor deles (pais de vítimas), eu estou mentindo. Eu entendo da nossa dor. Eu tenho um filho com 9 anos. A gente nunca cantou parabéns para ele porque, se eu cantasse um parabéns para o meu filho, as pessoas diziam 'olha lá, os caras da banda estão comemorando'. Essa é a nossa realidade, a nossa dor", afirmou.
Questionado pelo juiz se algum integrante da banda anunciou o incêndio no microfone, Márcio negou. "A primeira impressão é que nós íamos apagar e resolver o problema," alegou.
Fora do plenário, repercutiram publicações nas redes sociais de frequentadores reclamando da lotação da Kiss entre 2010 e 2011, confirmando o que os promotores alegam, que a lotação era frequente. A defesa de Elissandro Spohr garante que o número de frequentadores não passava de 800, dentro do permitido.