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Justiça

Rei do Crime: Apreensões da Polícia Federal podem passar de R$ 1 bilhão

Operação de combate a lavagem de dinheiro de fação criminosa prendeu 13 pessoas em SP e BA

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Rei do Crime: Apreensões da Polícia Federal podem passar de R$ 1 bilhão
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A Polícia Federal fez na manhã desta quarta-feira (30.set) uma coletiva de imprensa com o balanço da Operação Rei do Crime em que desarticulou o braço financeiro de uma organização criminosa. 13 pessoas foram presas e bens no valor de R$ 730 milhões foram bloqueados. Porém, como há produtos e propriedades que ainda não foram contabilizados, as apreensões podem passar do R$ 1 bilhão. A investigação começou após o COAF detectar uma movimentação atípica de R$ 30 bilhões, além de transações em empresas falsas ou pertencentes a laranjas.

SAIBA MAIS:
Operação contra lavagem de dinheiro bloqueia R$ 730 milhões
+ Confira as imagens da Operação Rei do Crime


A ação policial, que envolveu 200 policiais federais, interditou 73 empresas - postos de combustíveis, lojas de conveniência e escritórios de assessoria e contabilidade -, além de bloquear contas bancárias de pessoas investigadas. Foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva e 43 mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, para descapitalizar as organizações criminosas, combatendo a lavagem de dinheiro, buscando reduzir o seu poder econômico e prejudicando a continuidade das atividades criminosas. Os valores dos bloqueios chegam aos R$ 730 milhões, porém, em coletiva de imprensa foi confirmado que com a soma de outros bens a serem contabilizados, o valor pode superar R$ 1 bilhão.

Segundo Paulo Víbrio, chefe da comunicação social da PF paulistana, a operação aconteceu após mais um ano e meio de investigação e 13 prisões foram cumpridas nas cidades de São Paulo (SP) e em Salvador (BA). Dois alvos presos já tinham sido investigados pela PF na operação Arepa, que em maio investigou o tráfico de drogas internacional a partir de São Paulo. Mansões, casas de luxo, joias, relógios, veículos importados, lanchas, moto aquática, dinheiro e um helicóptero foram apreendidos.

Tudo isso começou com a morte de dois importantes integrantes de uma facção criminosa. Ambos tiveram um desentendimento por questões financeiras e de poder. A investigação avançou quando foi preso um envolvido no assassinato destes integrantes, que à época utilizou um helicóptero para cometer o crime. Um levantamento apontou que o proprietário da aeronave não teria condições financeiras para mantê-la em funcionamento.

A partir deste preso aconteceu uma investigação financeira, com levantamento dos dados de sigilo fiscal e análise documental. Foi constatado que o envolvido tinha várias empresas em seu nome, como postos de combusteis e empresa de assessoria e contabilidade. A empresa de contabilidade foi identificada e a partir disso, os investigadores começaram a ter acesso a várias informações fiscais relacionadas a outros envolvidos, bem como suas movimentações financeiras.

Lavagem de dinheiro em rede de postos de combustíveis

Parte de uma rede de postos de combustíveis participava do esquema de lavagem de dinheiro. Foto: Divulgação/Polícia Federal

Entre as 73 empresas investigadas há uma rede paulista que tem 110 postos, sendo que entre 40 e 50 postos estariam envolvidas em práticas ilícitas. Uma pessoa que foi condenada pelo envolvimento no furto ao Banco Central do Brasil, ocorrido em Fortaleza/CE, no ano de 2005 também está entre os envolvidos "Alguns postos desta rede estavam sendo usados para lavagem de dinheiro e para sustentar outros crimes da facção criminosa", relata o delegado Marcelo Ivo.

O esquema em postos de combustíveis acontecia pela entrada da movimentação financeira no caixa, que estava acima da média do que é normalmente registrado em outras redes de postos concorrentes. Foi apurado que entrava no caixa dos postos cerca de 50% a mais em dinheiro em espécie acima da média, o que não é comum. "Essa média não é factível, sendo que geralmente é usado cartão para pagamento de combustível", explica o delegado e coordenador da operação, Rodrigo Costa.

A investigação percebeu que nestes postos, diversas transações financeiras para empresas fictícias foram realizadas.

Criminosos criaram grupos empresariais

Segundo a Polícia Federal, os criminosos usaram grupos de empresas, por meio de holdings, ou seja, utilizavam-se nomes fantasia para registrar várias empresas, para assim, proteger os verdadeiros donos do grupo empresarial.

As empresas estavam registradas em CPF de familiares que eram usados como laranjas, que, por sua vez, outros laranjas tinham seus CPFs registrados em outras companhias. O levantamento mostrou que os laranjas não tinham capacidade financeira para sustentar as empresas. "Foram criados grupos com 3 a 4 camadas de proteção para afastar o proprietário da empresa", relata Costa.

Essa tática foi usada para proteger os envolvidos de qualquer acusação ou suspeita dos crimes de lavagem de dinheiro. Além disso, imóveis, bens e veículos também foram comprados para poder fazer circular o dinheiro obtido pelo crime organizado, por meio do tráfico de drogas.

"A perspectiva da operação muda de figura. Foi a utilização de um grande volume de nome de pessoas jurídicas. A atividade licita se permeia entre a atividade ilícita. O COAF ajudou a materializar essa ocorrência", explica Costa.

Destino dos bens apreendidos e empregos preservados

Bens e empresas apreendidas serão sanadas para passar por alienação judicial e seus recursos serão destinados à política de combate às drogas e voltado para Segurança Pública. Foto: Divlugação/Polícia Federal.

Em uma ação inédita com a Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), a PF conseguiu uma ação para que as empresas investigadas não prejudicassem seus funcionários, que em sua maioria não sabia das operações criminosas realizadas pelos empresários.

"A maioria destas empresas têm trabalhadores. e a questão do bloqueio é preservar os trabalhadores que vivem daquele sustento, ninguém sabia que uma facção fazia crimes nas empresas", explica Elvis Secco, delegado responsável pela repressão de drogas, armas e facções criminosas.

As empresas passarão a ser geridas através de um convênio com o conselho nacional de administradores, determinado pela Secretaria de Justiça e de Segurança Pública, até que os problemas sejam saneados e que posteriormente seja repassado para alienação judicial.

A ação aconteceu por uma parceria entre a Polícia Federal, Receita Federal, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Depen e Coaf.

Ao todo vinte indiciados responderão pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. 


Veja abaixo parte dos bens recuperados na operação policial:




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