Uma pessoa negra foi morta pela polícia a cada quatro horas em 2020
Pessoas negras representam mais de 80% dos mortos pela polícia no último ano
Uma pessoa negra foi morta pela polícia a cada quatro horas em 2020 em seis estados brasileiros, segundo um levantamento da Rede de Observatórios da Segurança. A estatística é assustadora. As pessoas negras representam mais de 80% dos mortos pela polícia no ano passado.
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"Essas imagens recorrentes, essa repetição de casos de violência, de pessoas negras sendo mortas pela polícia, faz com que de certa forma isso entre em um âmbito de uma normalidade onde uma aceitação no sentido de que é assim que as coisas são", afirma Pablo Nunes, coordenador da pesquisa "Pele Alvo: a cor da violência policial".
O estudo mostra que em Salvador, Recife e Fortaleza todos os mortos em ações policiais eram negros -- mas é a polícia do Rio de Janeiro a que mais mata pessoas negras.
Há seis meses, a designer Kathlen Romeu, de 24 anos, grávida, foi morta durante uma ação da polícia na zona norte do Rio. Cinco PMs que participaram da operação foram denunciados por fraude processual.
De acordo com a denúncia, os policiais alteraram a cena do crime antes da chegada da perícia, recolheram o material que estava no local e acrescentaram 12 cartuchos calibre nove milímetros deflagrados, além de um carregador de fuzil com 10 munições intactas. O Ministério Público concluiu que eles agiram com a intenção de criar vestígios de um suposto confronto com criminosos.
Em um vídeo, é possível ver a movimentação dos policiais após o tiroteio. Um deles se agacha, em seguida, outro policial entra no mesmo beco e faz um movimento parecido. Logo depois, a avó de Kathlen percebe que a neta foi baleada e começa a gritar.
"A minha família está dilacerada. A gente está 'catando' ar. Eu estou cada dia pior, a saudade é imensa, a dor é grande e assim está sendo com toda a minha família", agirma a avó, Sayonara Oliveira.