Variante P.4 circulava em SP como P.1 antes de nova classificação
Cepa está presente em aproximadamente 20% das amostras analisadas desde o mês de janeiro no Estado
Após estudos, o Instituto Adolfo Lutz e o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde identificaram que a variante P.4 da covid-19 já circulava desde o início do ano em São Paulo, mas como P.1 - variante batizada de Gamma.
A descoberta decorreu de uma nova classificação genética constatada pelos especialistas, através da reanálise dos sequenciamentos genéticos feitos pela Lutz e outros laboratórios da rede. A partir disso, foi detectado que a P.4 está presente em, aproximadamente, 20% das amostras analisadas desde o mês de janeiro em todas as regiões do Estado, com exceção do Vale do Ribeira.
A variante Gamma, então, passou a representar 70% das amostras e não mais 90%, como antes da chegada da P.4. Até o momento, não há registros que apontem maior potencial de transmissão ou agravamento dos pacientes pela P.4, por isso ela não é considerada uma variante de atenção como a primeira.
"A reclassificação sistemática dos vírus é natural e ocorre à medida que se conhece mais sobre o agente infeccioso durante a evolução da doença. No caso da P.4, há exemplares da linhagem P.1 que foram incorporados a ela, além de outros que até então eram considerados como parte de outras variantes", explica o diretor do Centro de Respostas Rápidas do Instituto Adolfo Lutz, Adriano Abbud.
Segundo a coordenadora de Controle de Doenças, Regiane de Paula, os estudos sobre a linhagem da P.4 continuam para garantir todas as respostas relacionadas a essa variante.
As regiões do Estado com maior predominância da P.4 são a Baixada Santista, com 36,96% e Campinas, com 35,29%. Na sequência, estão São José do Rio Preto (29,75%), Sorocaba (29,75%), Araraquara (27,97%), São João da Boa Vista (22,45%) e a Grande São Paulo (16,03%).
Variantes
O surgimento de novas cepas acontece devido a mutação do vírus, que pode impactar na transmissão da doença e na sua gravidade. Elas fazem parte do instrumento de vigilância que contribui para o monitoramento da pandemia de covid-19, por isso não devem ser confundidas com diagnóstico e nem podem ser consideradas de forma isolada.
Até o momento, as quatro principais variantes, monitoradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos outros países, têm, em comum, mutações genéticas que elevam a capacidade do vírus de infectar as pessoas. São elas: Alfa (B.1.1.7), identificada no Reino Unido; Beta (B.1.351), identificada na África do Sul; Gamma (P.1), identificada no Brasil; e Delta (B.1.617.2), identificada na Índia.