Evo Morales renuncia à presidência da Bolivia após protestos
O líder havia sido eleito no primeiro turno após eleição realizada no último dia 20 de outubro
(Foto: José Cruz / Agência Brasil)
Evo Morales renunciou neste domingo (10) ao cargo de presidente da Bolívia. O anúncio foi feito em rede nacional de televisão e ocorreu após uma série de protestos abalarem o país na última semana.
Morales havia convocado uma nova eleição depois que a secretaria da Organização dos Estados Americanos (OEA) afirmar que o pleito realizado no país no último dia 20 de outubro havia sido fraudado.
“Decidi convocar novas eleições nacionais que, mediante o voto, permita ao povo boliviano eleger democraticamente a suas novas autoridades, incorporando novos atores políticos [ao processo político]”, disse Morales ao anunciar sua decisão.
Chefes das Forças Armadas e da Polícia pressionaram o líder boliviano a deixar o cargo na tentativa de "pacificar" o país. Outros três ministros acompanharam Morales e renunciaram.
Na eleição do mês passado, Evo Morales foi eleito no primeiro turno com 47.07% dos votos contra 36,51% de seu adversário, Carlos Mesa. Pelas regras eleitorais bolivianas, Morales foi declarado eleito, por ter obtido mais de 10% de votos além de Mesa.
Com a vitória, Morales foi eleito para o seu quarto mandato consecutivo, A apuração dos votos, no entanto, foi acompanhada por polêmica, com acusações de ambos os lados. Uma Missão de Observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) apontou problemas como a falta de segurança no armazenamento das urnas e a suspensão da apuração.
Já na ocasião, o coordenador do Departamento de Observação Eleitoral, Gerardo de Icaza, disse que a credibilidade da Justiça Eleitoral no país estaria em dúvida e, por isso, mesmo que alcançada a diferença de 10%, deveria ser assegurado o segundo turno.
Antes de renunciar, o líder tentou apaziguar os ânimos no país, mas sem sucesso. Em um pronunciamento, ele afirmou que a Bolívia “vive momentos de conflitos, com grave risco de enfrentamentos entre bolivianos” e que, neste contexto, sua “principal missão é proteger a vida, preservar a paz, a justiça social e a unidade de toda a comunidade boliviana”.
Segundo a imprensa boliviana houve ataques a residências, incluindo de familiares de Morales, e prédios públicos. No Twitter, Morales chegou a denunciar que “fascistas” incendiaram a casa dos governadores de Chuquisaca y Oruro, e também de sua irmã, Esther Morales, em Oruro. Emissoras de rádio e TV estatais, como a Bolívia TV, foram alvo de protestos.