"Marreta em toda arquitetura hostil", diz padre Júlio Lancellotti no Palácio do Planalto
Padre participou de evento de lançamento do Plano Nacional Ruas Visíveis, do governo federal, para atender pessoas em situação de rua.
Raphael Felice
O governo federal lançou nesta 2ª feira o Plano Nacional Ruas Visíveis, que destinará, inicialmente, R$ 982 milhões para apoiar a população em situação de rua.
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O evento contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, de ministros do governo e de personalidades ligadas ao tem, como o padre e ativista Júlio Lancellotti.
O cardeal é inspiração para uma das medidas que compõem o pacote de ações. A Lei Padre Júlio Lancellotti torna crime a aparofobia -- rejeição aos pobres -- por meio da chamada arquitetura hostil. Lancellotti defende que construções hostis aos moradores de rua devem ser destruídas.
Em 2021, o padre derrubou a marretadas uma série de blocos de paralelepípedos construídos pela prefeitura de São Paulo na parte debaixo de um viaduto. O objetivo seria evitar que moradores de rua ficassem no local.
"Agradeço muito que a lei que proíbe a arquitetura hostil seja regulamentada, e vai depender de todos nós fazer essa lei valer. Marreta em toda a arquitetura hostil! Que toda arquitetura hostil seja retirada e nunca mais implantada. Que tenhamos um cuidado especial com a saúde mental, com o sofrimento da população em situação de rua. É uma questão específica, urgente, como é urgente ter onde morar, mas ter dignidade para morar, com autonomia, com equilíbrio, e com o afeto necessário", disse.
Em discurso, Lula pediu para a população cobrar do governo o funcionamento da política pública e afirmou que o Estado precisa cuidar melhor da população de rua.
"Nós sabemos que o estado muitas vezes não cuida das pessoas em situação de rua, que a sociedade não se importa, que muitas vezes passamos por essas pessoas e viramos o rosto para não enxergar a realidade", disse o presidente.
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