Governo Lula vinculou obras e licitações de 2024 à escolha de PGR; entenda
Pauta desenvolvimentista contraria defesa ambiental; e derrubou candidato para a chefia do MP
O governo Lula definiu quatro obras e projetos controversos para a agenda desenvolvimentista do próximo ano. Todas na região amazônica e cercadas de desafios ambientais:
- Renovação da licença da hidrelétrica de Belo Monte;
- Licenciamento para perfuração da margem equatorial;
- Investimento para derrocagem da Pedra do Lourenço; e
- Tramitação do projeto de crédito de carbono.
Bastidores: os quatro projetos derrubaram um candidato à chefia da Procuradoria Geral da República ainda no início das tratativas de Lula com os possíveis nomes para comandar o Ministério Público.
O que o SBT News descobriu: um dos nomes defendidos pelo PT para a PGR, na conversa com Lula no mês passado, em determinado momento bateu a mão no peito. "Presidente, se for indicado, serei o chefe do MP reconhecido pela pauta ambiental", disse. Acabou sendo eliminado ao final da frase, pois o governo quer um procurador-geral mais afinado com a pauta do Planalto.
Indicação do procurador-geral: Lula se decidiu por Paulo Gonet, que será sabatinado pelo Senado, por causa do aval de ministros do Supremo contrários à Lava-Jato e favoráveis à condenação de golpistas do 8 de janeiro. Mas a pauta ambiental, de qualquer maneira, eliminou concorrentes.
Para um mergulho mais profundo: as quatro obras e projetos prioritários de Lula são cercados de polêmicas ambientais, mas vistos pelo núcleo duro do governo como prioritários para o desenvolvimento do país.
Por partes 1: cercada de polêmicas ambientais e humanitárias, a renovação da licença ambiental de Belo Monte, no Pará, acabou sobrando para Lula. A pauta é cara para ambientalistas, por isso o presidente espera uma solução mais pacífica, sem solavancos.
Por partes 2: a primeira perfuração da margem equatorial, na costa do Amapá, abriu um crise entre a Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Lula ficou do lado da Petrobras.
Por partes 3: a obra da Pedra do Lourenço, no Pará, deve permitir a navegação dos rios Araguaia e Tocantins. A obra está prevista no novo PAC, mas preocupa ambientalistas e ribeirinhos por causa do alto impacto ambiental.
Por partes 4: a proposta para regulação do crédito de carbono está em tramitação na Câmara e aguarda votação do relatório do deputado Aliel Machado (PV-PR). Mesmo com a defesa de ambientalistas, a pauta pode ser judicializada, o que trazer turbulências para o governo.