Cúpula da Amazônia: Marina defende declaração sem meta zero para desmate
"O processo de negociação é sempre mediado, ninguém pode impor a sua vontade", diz ministra
Henrique Bolgue
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, defendeu a declaração conjunta dos países da Cúpula da Amazônia, que não trouxe uma meta comum para zerar o desmatamento, e ressaltou que o Brasil continua com o compromisso de acabar com a derrubada ilegal até 2030.
"O processo de negociação é sempre mediado. Ninguém pode impor a sua vontade. Então, são os consensos progressivos, na medida em que temos alguns consensos, a gente vai botando no documento. Uma coisa muito importante que aconteceu é que todos os países concordam que a Amazônia não pode ultrapassar o ponto de não retorno, ou seja, o ponto de quando não há volta. Porque, se ultrapassar 25% de desmatamento, a floresta entra num processo de savanização."
A declaração foi dada em entrevistas a rádios no programa Bom dia, Ministra, do CanalGov nesta 4ª feira (9.ago). Marina está em Belém (PA), onde ocorre a Cúpula que reúne representantes dos oito países amazônicos. O encontro também vai gerar uma outra declaração conjunta, com opiniões da sociedade e de cientistas.
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Na entrevista, a ministra do Meio Ambiente explicou a importância da manutenção da floresta para o equilíbrio do clima. "Nós só não somos um deserto porque temos a Amazônia (..) Essa floresta é responsável pelas chuvas, por 75% do PIB [Produto Interno Bruto] da América do Sul e pelo equilíbrio do planeta."
Petróleo na Amazônia
Marina Silva voltou a defender o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Ibama, sobre a polêmica que envolve a possível extração de petróleo pela Petrobras na foz do Amazonas.
"O Ibama, o ministério do Meio ambiente, não facilitam nem dificultam. Nós olhamos pros pedidos de licenciamento, são feitas análises técnicas e um governo que respeita a lei e que tem compromisso com a preservação do meio ambiente e com a ciência, os estudos e posições dos técnicos são respeitadas, e isso que está acontecendo", disse.
O impasse entre Petrobras e Ibama sobre pesquisas para extração do óleo na região não foi abordado na declaração conjunta. Nesta 3ª feira (8.ago), o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, cobrou o fim da exploração de petróleo na Amazônia e manifestantes pediram o fim da exploração de combustíveis fósseis.