Na Itália, Lula cita desigualdade mundial e critica gastos com guerras
Presidente comentou sobre invasão russa na Ucrânia e voltou a defender negociações de paz
Camila Stucaluc
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta 5ª feira (22.jun), os gastos internacionais com a indústria armamentista para promover conflitos. Em discurso na Itália, o mandatário citou a guerra fria que está se instaurando entre os Estados Unidos e a China e voltou a defender as negociações para acabar com a invasão russa na Ucrânia.
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"O mundo tem 800 milhões de seres humanos que vão dormir todas as noites sem ter o que comer. Não é justo gastar bilhões com guerras desnecessárias enquanto poderíamos viver em paz. Mandei meu assessor [Celso Amorim] para conversar com o [presidente russo Vladimir] Putin e com o [presidente ucraniano Volodymyr] Zelensky para tentar mostrar que o melhor negócio para esta guerra é acabar com ela", disse Lula.
O chefe de Estado defendeu o papel dos governos neutros para auxiliar o diálogo entre os países - congelado há meses. Nas palavras do petista, é preciso parar e negociar com interlocutores, uma vez que o dado concreto é de que vidas estão sendo perdidas. "O que não dá pra imaginar é que essa luta vai ser infinita, precisa acabar logo", frisou.
Ainda comentando sobre o assunto, Lula voltou a fazer críticas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, afirmando que a maioria dos países-membros é líder na produção de armas e que outras invasões, como a dos Estados Unidos ao Iraque e a da Inglaterra à Líbia, não foram discutidas. Com isso, o presidente enfatizou que as políticas do Conselho estão enfraquecendo e que novos países devem integrar o grupo.
"Estamos defendendo no Brasil uma nova governança mundial, com mais participação de países africanos, da América Latina, da Índia. O mundo mudou, as pessoas mudaram, e por isso a nova geopolítica deve ser levada em conta para construir uma nova configuração das Nações Unidas", disse Lula.
Meio ambiente e taxa de juros
No discurso, o chefe de Estado ainda comentou sobre o Acordo de Paris, dizendo que o Brasil está empenhado em ajudar a conter a crise climática. Para isso, ele citou a transição energética e a agricultura de baixo carbono, que deverá resultar em parcerias internacionais importantes para o país nos próximos anos.
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Já sobre a taxa de juros (Selic), atualmente em 13,75% ao ano, Lula disse que o país está vivendo um momento irracional. "72% da população brasileira está endividada. Não há crédito. Eu tenho cobrado dos Senadores que colocaram esse cidadão no Banco Central", disse o petista, referindo-se ao presidente da instituição financeira, Roberto Campos Neto.