Lula anuncia que Apex vai abrir escritório em Portugal
Presidente falou ao lado do primeiro-ministro português na Cimeira XIII; veja detalhes
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos vai abrir um escritório em Portugal. O anúncio informal foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste sábado (22.abr) durante a conferência de cúpula entre os dois países, a XIII Cimeira Luso Brasileira, que acontece naquele país até o domingo. Ao lado do brasileiro, no momento do anúncio, estava o primeiro-ministro português, Antonio Costa.
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"No que depender de mim a gente vai fazer o acordo União Europeia-Mercosul, falta pequenos ajustes, se depender a gente vai concluir a discussão mais séria da unidade da América do sul. Juntos somos um grande bloco econômico e temos mais chance de negociar em igualdade de condições com a União Européia. A Apex vai montar um escritório aqui em Lisboa, pra que a gente possa mostrar a seriedade e o carinho da nossa relação".
Atualmente, a Apex possui escritórios em sete países: China, Emirados Árabes Unidos, Israel, Bélgica, Rússia, Estados Unidos e Colômbia.
O pronunciamento do presidente brasileiro ocorreu em seguida às assinaturas de 13 acordos de cooperação entre os dois países, nas áreas de educação, justiça, energia, saúde, economia, e turismo, entre outros.
No domingo (23.abr), Lula não tem compromissos oficiais. O presidente irá para Matosinhos na 2ª feira (24.abr), na região do Porto para participar da abertura do Fórum de Negócios Portugal-Brasil, evento organizado pela Apex-Brasil e a agência portuguesa Aicep (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal). Na ocasião haverá renovação do protocolo de entendimento entre as duas agências de promoção.
Na agenda de 2ª feira (24.abr), Lula e Marcelo Rebelo de Sousa farão a entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque, no Palácio Queluz. Já na 3ª feira (25.abr), Lula será homenageado em uma sessão solene da Assembleia da República Portuguesa. Na sequência, a delegação embarca para Madri, na Espanha.
Promessa de creches no Brasil
Durante o evento, Lula prometeu entregar 1,6 mil creches que, segundo ele, deixaram de ser construídas no Brasil desde que o PT saiu do poder, em 2016. As creches fazem parte das 14 mil obras "atrasadas" que, segundo o petista, começaram a ser feitas ainda nos governos anteriores de Lula e Dilma Rousseff.
"Saio daqui feliz, alegre, ainda não pude comer um bacalhau (rs) eu espero que hoje tenha bacalhau, se não amanhã, não posso sair de Portugal sem comer um bacalhau. O Brasil passou praticamente seis anos, os últimos quatro isolado do mundo. A gente teve um governo que não viajava porque ninguém queria receber, e não convidava porque ninguém queria ir lá. Voltamos para recuperar todas as políticas de inclusão social, porque passamos 13 anos para acabar com a fome, para recuperar as universidades e escolas técnicas. Eles destruíram tudo. Como uma praga de gafanhotos a destruir tudo. Estamos a reconstruir políticas sociais. Nos primeiros três meses montamos tudo que temos que fazer e vamos passar maio a discutir política de desenvolvimento. Só de obras atrasadas, que nós começamos e a Dilma continuou, são hoje 14 mil obras paradas. Problemas de infraestrutura, rodovia, escola...vamos agora entregar 1600 creches".
Veja o que Lula falou sobre cada assunto abaixo:
"Química"
"Política é um pouco química, relação humana é química. Se as pessoas não se conhecem, se não se olham no olho, a política perde muito valor. Feita pelo fake news não é política. É monstruosidade. Prevalece a mentira e não a verdade. O que estamos fazendo aqui em Portugal é dizer ao povo e ao presidente que nós nos sentimos em casa em Portugal. É uma extensão da nossa casa chamada Brasil, assim como o Brasil é uma extensão da casa Portugal. É assim que precisamos nos relacionar, sem disputas, sem divergências, que serão resolvidas em mesa de negociação".
Diversidade
"A grande arte da política é aprender conviver na diversidade. É uma coisa muito nobre entre Brasil e Portugal. Quando recebi [título] Dr. Honoris Causa em Coimbra, é, eu tenho o Honoris Causa (risos da plateia), os companheiros se queixavam que a gente tinha feito muito convênio com universidades e tal, e o pessoal entendeu que aqui em Portugal era para falar mesma língua. O que importa é os séculos de cultura que Portugal tem. A história deste país. Que poderia ser ensinada aos brasileiros nas universidades, o conhecimento cientifico, tecnológico, poderia ser ensinada para nós".
Além-mar
"Toda vez que chego ao monumento de Cabral fico emocionado. Há 1500 anos pegar um barquinho, que não era grande coisa, e sair daqui para encontrar um novo mundo, encontrar o Brasil. E ajudar a fazer o que o Brasil é hoje. Esse povo extraordinário, miscigenado com europeu e nossos índios e nossos negros...essa gente nos ensinou a falar, cantar, a fazer comida, a cultura de cada país...é por isso que tenho muita gratidão pela África. O Brasil não pode pagar em dinheiro a dívida que tem com a África. Tem que pagar em transferência de tecnologia, de cultura. Nós fizemos uma escola em Moçambiquek, a Embrapa levamos pra Gana...tudo isso acabou. Tudo isso eu quero voltar e renegociar. E tudo passa por uma conversa com Portugal".
Via Europa
"Como é que se explica um país não reconhecer a importância de Portugal, não pela grandeza populacional, mas pela importância histórica, geográfica. Daqui a gente pode ter mais fácil penetração no continente europeu. E abusamos de não levar isso a sério. Eu quero dizer que o Brasil está de volta para melhorar a nossa relação, para compartilhar com Portugal as oportunidades, as possibilidades de investimento. O que nós queremos é construir compartilhamento, de sociedade, e que as empresas possam crescer junto. Quando eu saí o Brasil era a sexta maior economia do mundo. Quanto eu voltei era a 13ª. Tiramos o Brasil do mapa da fome, voltamos e o Brasil tem 33 milhões de pessoas no mapa da fome de novo".
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