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Quem é Ricardo Cappelli, o bombeiro de Lula

Conheça a trajetória do jornalista que é chamado para apagar focos de crise na Esplanada

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Ricardo Cappelli fala ao microfone (Reprodução)
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Horas após o rastro de destruição nos prédios dos Três Poderes deixado por extremistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 8 de janeiro de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou Ricardo Cappelli como interventor na segurança pública do Distrito Federal. A experiência bem-sucedida do secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) fez Lula escolher novamente o número dois da pasta para estancar mais uma sangria do novo governo. Desta vez, para comandar interinamente o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República após a renúncia do general Gonçalves Dias do cargo.

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Natural da capital do Rio de Janeiro, Ricardo Cappelli, 51 anos, é jornalista de formação e pós-graduado em administração pública pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Começou a trajetória política quando entrou na faculdade e teve contato com o movimento estudantil. Entre 1997 e 1999, presidiu a União Nacional Dos Estudantes (UNE). Se filiou ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e concorreu, em 2002, ao cargo de deputado estadual. Contudo, não se elegeu. 

Apesar de nunca ter tido mandato eletivo, Cappelli foi assessor de vereador no Rio de Janeiro e trabalhou como secretário nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social no Ministério do Esporte no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Também foi secretário de Desenvolvimento de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e secretário de Comunicação do Maranhão nos dois mandatos de Flávio Dino enquanto governador do estado. A última experiência rendeu a ele a confiança do atual ministro da Justiça e o fez se tornar o braço direito de Dino.

O GSI historicamente sempre foi comandado por militares. É o órgão do governo que divide a atuação ativa de civis e de militares quanto à proteção dos valores do país, entre eles a proteção do presidente da República. Na avaliação de Leonardo Sant'anna, Ricardo Capelli vai precisar usar toda a energia para ingressar na cultura organizacional dos militares. No entanto, segundo o especialista, nesse grupo, ele sempre vai ser visto como um civil que chega com um mandato tampão e uma pessoa "que nunca 'ralou' em um quartel". Além disso, o fato de ser uma figura que tem uma trajetória em lideranças estudantis não é afeita a militares. Há ainda o fato de que ele nunca pegou em uma arma. Na visão militar, isso pode "implodir e corromper as instituições que sempre tomaram conta da proteção presidencial".

"A legitimidade de quem vai ser escolhido para assessorá-lo e fazer parte do seu staff pode ser uma boia de salvação. A negociação será dura. Entender que não há tempo para buscar por uma credibilidade que já começa corrompida também ajudará o novo chefe do GSI a continuar a jornada, trocar o pneu do carro, que não pode parar por um minuto sequer. A proteção de autoridades institucionais - em especial ao falar do presidente da república - vai além de ter pessoas, carros, armas. Você deve proteger seus familiares diretos, sua residência e até a sua imagem. Existem processos muito consistentes sobre isso e o GSI, desde que bem liderado, têm condições de fazer isso muito bem. O Capelli tem uma excepcional oportunidade nas mãos", destaca Sant'anna.

Em menos de um mês como número dois na pasta de Dino, assumiu a segurança pública do Distrito Federal com a benção de Lula. Na ocasião, procurou dialogar diretamente com os militares para obter êxito nas investigações sobre os atentados de 8 de janeiro. Em uma reunião com oficiais de alto escalão, Cappelli buscou um tom conciliador, usando frases que remetiam ao lema fascista sempre usado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro: Deus, Pátria e Família. Apesar de remeter a um período sombrio do país, cada uma das palavras representa valores "caros" à caserna. Segundo o interino do GSI, foi a forma encontrada para dialogar com os militares e que, de acordo com ele, deu certo.

Militares do Exército ouvidos pela reportagem em condição reservada apontam que, apesar de não serem totalmente afeitos a Lula, politizar a instituição gera desgaste até mesmo internamente e pretendem colaborar com o interino. "A gente só quer paz. Mexer com política não dá certo. Mesmo que haja uma ala mais ideológica ligada ao Bolsonaro, não tem o que fazer. O Exército é uma instituição do Estado", disse um capitão do Exército.

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