Um ano após tragédia no RS, ainda há gaúchos vivendo em abrigos e casas temporárias
SBT Brasil exibe primeiro episódio da série de reportagens "Feridas Abertas", que mostra como a tragédia ainda afeta a população gaúcha
Guilherme Rockett
Eduardo Pinzon
Natalia Vieira
Há um ano, o Rio Grande do Sul enfrentava a maior tragédia de sua história. Ao todo, 184 pessoas morreram e 25 ainda estão desaparecidas. Da região metropolitana de Porto Alegre ao interior do estado, a água encobriu e destruiu milhares de lares. As enchentes deixaram feridas abertas nos gaúchos e, até hoje, muitos ainda estão sem casa.
Em Canoas, na Grande Porto Alegre, o centro de acolhimento que leva o nome de "Esperança" também é chamado de lar pela dona Almerinda. Há um ano, ela foi resgatada da enchente, junto com a filha. “A gente tinha tanta coisa que a gente perdeu tudo e hoje a gente tem uma reflexão diferente das coisas, que a gente não precisa de tanta coisa para sobreviver”, contou a dona de casa.
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Quase 2,4 milhões de moradores foram afetados pela tragédia que começou no fim de abril de 2024, quando o Rio Grande do Sul registrou seis dias de chuva sem parar. No dia 29 de abril, foi emitido o primeiro alerta de volume elevado de chuva. Em 30 de abril, o SBT Brasil noticiava as primeiras mortes. Nos dias seguintes, a capital gaúcha também foi tomada pela água. Em 5 de maio, o lago Guaíba atingiu 5,37 metros — acima da enchente histórica de 1941, que marcou 4,76 metros.
478 municípios do estado registraram danos, o que representa 96% do total. Foram destruídas 32 mil residências e, atualmente, quase 400 pessoas ainda vivem em dois abrigos mantidos no estado. “Estamos na fase de desmobilização dos centros humanitários. Agora é o momento de ajudar as pessoas a retomarem suas vidas”, disse Eugênio Guimarães, coordenador de operações do abrigo.
Almerinda está entre as beneficiadas com o aluguel social oferecido pelo governo federal. “Eu acho que é o sonho de todos que estão aqui que passam pela mesma situação”, comentou.
Das 15,6 mil casas prometidas pelo governo federal, apenas 1,1 mil estão em construção. Outras 1,2 mil famílias adquiriram imóveis prontos, de até R$ 200 mil, por meio do programa de compra assistida. Já o governo estadual autorizou a construção de 1,3 mil casas, mas apenas 59 estão com obras em andamento.
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“Vamos entregar em prazo menor do que o método convencional. Além disso, são casas de alto padrão e mais resilientes”, afirmou Carlos Gomes, secretário de Habitação do Rio Grande do Sul. Enquanto as moradias definitivas não são entregues, unidades habitacionais provisórias foram instaladas em sete cidades. Verdadeiros bairros feitos de contêineres são hoje o lar de 360 famílias.
As estruturas, embora feitas de metal, têm revestimento de concreto para garantir o isolamento térmico e acústico. Há dois meses, Joecy deixou o abrigo e passou a viver em uma dessas casas. Ela morava na área ribeirinha de Cruzeiro do Sul, no Vale do Taquari, local que virou praticamente um bairro fantasma. “Dentro de meia hora nós não ia sair mais porque ia trancar dos dois lados. A gente tá bem ansioso esperando as casas”, desabafou.