Presidente Lula firma laços extra-comerciais em viagem à China
Nos encontros, Lula tratou também de questões geopolíticas, acadêmicas e contra a fome
Israel de Carvalho
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpriu nesta 6ª feira (14.abr) compromissos oficiais antes de se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping. Em um dos encontros, Lula afirmou que busca ter com a China "uma relação que vá além da economia e do comércio". Dentre os compromissos, o presidente se encontrou com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji, e com primeiro-ministro chinês, Li Qiang.
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O Planalto informou que, no encontro com Zhao Leji, Lula ressaltou que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer a China como economia de mercado. Também reforçou que o país asiático foi parceiro essencial para a criação dos BRICS (grupo de desenvolvimento econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e que a relação bilateral entre as nações tem o potencial de consolidar uma nova relação sul-sul no âmbito global. A reunião ocorreu em Pequim, no Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês.
"É importante dizer que a China tem sido uma parceira preferencial do Brasil nas suas relações comerciais. É com a China que a gente mantém o mais importante fluxo de comércio exterior. É com a China que nós temos a nossa maior balança comercial e é junto com a China que nós temos tentado equilibrar a geopolítica mundial discutindo os temas mais importantes", afirmou o presidente.
Segundo informações do Planalto, Lula também disse em elevar o patamar da parceria estratégica entre os países, que busca ampliar fluxos de comércio e visa equilibrar a geopolítica mundial, junto com a China.
Encontro com primeiro-ministro
"Queremos ter com a China uma relação que vá além da economia e do comércio", disse Lula no encontro com o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, também no Grande Palácio do Povo, ao tratar da busca pela diversificação de investimentos na relação bilateral entre Brasil e China.
De acordo com o Planalto, Lula citou como exemplo os setores de ciência e de tecnologia, intercâmbio acadêmico por meio de relações entre universidades, energia limpa, inclusão de mais produtos industrializados brasileiros nas trocas comerciais e indústria aeroespacial.
Já no âmbito geopolítico, segundo o Planalto, Lula destacou que os interesses da relação entre Brasil e China incluem o potencial de estabelecer bases para uma nova governança mundial, focando na promoção da segurança alimentar em âmbito internacional e no fortalecimento das Nações Unidas.
O presidente ainda destacou a parceria de longa data do Brasil com a China. O ano de 2023 marca 50 anos das relações comerciais entre os países. A primeira venda entre China e Brasil ocorreu em 1973, um ano antes do estabelecimento das relações diplomáticas sino-brasileiras. Desde 2009, a China se consolidou como principal parceira comercial do Brasil.
Outros compromissos
No início do dia, Lula teve uma audiência com o Presidente da State Grid, Zhang Zhigang. A Grid é a Companhia Nacional da Rede Elétrica da China e tem investimentos em energia elétrica no Brasil.
O Planalto informa que, durante o encontro, Lula reforçou a importância dos investimentos chineses no Brasil, a confiança na economia nacional e o foco do governo em investimentos em energias renováveis e na ampliação da rede de transmissão integrando projetos de geração eólica e solar com a rede convencional.
Já na sequência do encontro com Zhao Leji, antes do compromisso com o primeiro-ministro, Lula e a comitiva brasileira participaram de uma cerimônia de aposição de flores no monumento aos Heróis do Povo, na Praça da Paz Celestial, ação habitual de chefes de estado que visitam pequim.
O monumento é uma homenagem àqueles que se sacrificaram em ações que desaguaram na Revolução Chinesa, de 1949.
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