Da guerra na Ucrânia às mudanças climáticas: o encontro de Lula e Sullivan
Em reunião com conselheiro de Biden que durou quase 2h, Lula falou sobre viagem aos EUA e política externa
Em reunião com um dos principais assessores do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, nesta 2ª feira (5.dez), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu temas globais como o combate às mudanças climáticas, a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a guerra na Ucrânia, além de questões regionais, como a democracia na Venezuela, Estados Unidos e Brasil.
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No encontro de quase duas horas com o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, em Brasília (DF), Lula também deu indicações das prioridades da política externa no futuro governo, e sinalizou que a viagem aos Estados Unidos para um encontro pessoal com Biden, que estava sendo estudada ainda para este mês, durante a transição, pode ficar para depois da posse, em janeiro.
"O presidente Lula comentou a situação interna, várias providências que têm que ser tomadas, negociações diversas que estão ocorrendo, e disse que talvez não desse [para ir em dezembro], que ele achava que talvez não desse. Não disse que não, mas que talvez não desse", afirmou o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, que participou da reunião.
Segundo Amorim, o representante do governo norte-americano reforçou posicionamento anterior do presidente dos EUA, que indicou ser favorável à uma reforma do Conselho de Segurança da ONU. "Sullivan relembrou o discurso do Biden, em que ele reconhece a necessidade dessa reforma, e de uma representação adequada. Ele mencionou América Latina e África, inclusive", destacou.
Os dois lados sinalizaram que podem cooperar, inclusive com tecnologia, para o enfrentamento das mudanças do clima. "Não discutiram formas específicas, mas a necessidade de engajamento dos dois países na questão do combate ao aquecimento global", reforçou Amorim, acrescentando que este foi um dos principais temas do encontro. Lula tem intenção de realizar uma reunião de cúpula com os presidentes de países amazônicos em breve.
Sobre Venezuela, falou-se da necessidade de encontrar "uma solução". "A ideia é que o importante, o fundamental, para eles, é que haja uma eleição que possa ser considerada justa", disse Amorim, acrescentando que Lula defendeu o diálogo.
Trump e Bolsonaro
O petista também teria feito um comentário sobre "semelhanças" entre movimentos ligados ao ex-mandatário norte-americano Donald Trump e o presidente Jair Bolsonaro. "Se fez uma comparação entre o "trumpismo" e o bolsonarismo, e sobre a necessidade de reforçar a democracia. O Jake Sullivan acentuou a importância da eleição como foi, democrática, com a vitória do presidente Lula. Tudo isso foi importante para democracia no Brasil, na região e no mundo", declarou Celso Amorim.
Acompanharam o petista no encontro, do lado brasileiro, além de Amorim, o senador Jaques Wagner (PT-BA), e Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, cotado para assumir o Ministério da Fazenda no futuro governo.
Da parte norte-americana participaram, além de Sullivan, Juan Gonzalez, diretor para o Hemisfério Ocidental do Conselho Nacional de Segurança dos EUA, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, e o vice-secretário de EStado para o Hemisfério Ocidental da Casa Branca, Ricardo Zúniga.
Lula e o presidente norte-americano, Joe Biden, vem dando sinais de que pretendem intensificar as relações entre Brasil e Estados Unidos, com a saída de Bolsonaro do poder. Biden foi um dos primeiros líderes internacionais a reconhecer e parabenizar o petista pela vitória nas eleições.
Durante a COP27, a Conferência das Nações Unidas para o Clima, o presidente eleito se reuniu com o enviado especial dos Estados Unidos para o clima, o ex-secretário de Estado norte-americano John Kerry.
A possibilidade de uma visita de Lula aos Estados Unidos está sendo discutida pelos dois países.