Lula aplicou "vacina" contra reação ruim a Haddad na Fazenda
Já "precificado" pelo mercado, Haddad sonda nomes para caso realmente assuma o ministério
Diante da pressão diária à qual o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem sofrendo desde a campanha presidencial para que anuncie o nome do futuro ministro da Fazenda. Assim como Jair Bolsonaro (PL) fez em 2018 com Paulo Guedes, o petista não cedeu e adotou a estratégia de apresentar seu escolhido a conta-gotas, conforme apuração da reportagem com fontes próximas a Lula.
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A exposição deliberada do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) ao mercado, nas últimas semanas, não é um teste de viabilidade. Ele não está sendo submetido ao aval de ninguém.
Lula já sabia que haveria rejeição por Haddad não ser economista, tampouco frequentador do ambiente especulativo. A cada rodada de conversas ou evento que Haddad participa como enviado para falar de economia, quase sempre chegam ao presidente eleito reclamações por parte de observadores. Como por exemplo, no encontro promovido pela Febraban, a Federação Brasileira de Bancos. Esperavam que ele explicasse a PEC da Transição, que tratasse do arcabouço fiscal para o ano que vem, mas ficaram com a sensação de terem assistido a uma aula de economia.
Então não é teste. É degustação. É uma apresentação a conta-gotas. Uma espécie de dessensibilização do mercado em relação ao nome da confiança do futuro presidente. Quando (e se) o nome de Haddad for mesmo oficializado, claro que um assunto delicado como esse vai mexer com o câmbio e com a bolsa de valores, mas surpreenderá zero pessoas. Para o mercado, a indicação de Fernando Haddad ao Ministério da Fazenda está precificada.
Haddad já sonda nomes para compor sua equipe no ministério da Fazenda. Ouviu alguns "nãos" e outros "sins".