Mercadante evita falar sobre PEC e reação do mercado após discurso de Lula
Ex-ministro afirma que transição discute corte de despesas e aumento da eficiência do gasto público
Milena Teixeira
O ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador dos grupos temáticos do Gabinete de Transição, se recusou a falar sobre a PEC da Transição e sobre a reação do mercado financeiro após a crítica que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez sobre o teto de gastos públicos no segundo dia da 27ª Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP 27), no Egito.
"O Brasil era o país que mais recebia investimento direto no mundo. E vai voltar a ser. A entrada de recursos vai trazer o câmbio para uma posição mais segura. Diminui a pressão inflacionária e permite baixar a taxa de juros", afirmou Mercadante durante conversa com jornalistas, no final da tarde desta 5ªfeira (17.nov), no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília.
Sobre a PEC da Transição, Mercadante disse que não ter "competência para falar do assunto". "Nós temos um grupo de economia que está trabalhado em cima desse tema, e em um momento oportuno, assim como os demais grupos, vocês receberão todas as informações", completou.
Precariedade na transição
Nesta tarde, o coordenador também apresentou os 31 grupos de trabalho, detalhando informações sobre o funcionamento da coordenação, apoio jurídico e análise de execução orçamentária. Ele também afirmou, como já noticiado pelo SBT News, que os integrantes dos grupos são, na maioria, voluntários. "Os recursos que nós temos são muito escassos. Desde 2018, o valor não é atualizado para a transição. Só 14 pessoas estão recebendo atualmente", disse.
Mercadante afirmou ainda que há "sérios problemas" no orçamento das pastas para a próxima gestão. Segundo o ex-ministro não há verbas para serviços da Saúde, Infraestrutura e Educação:
"Na Infraestrutura, não tem recurso para manutenção de estrada. Você pega a Saúde e é inconcebível que não tenha recursos para pessoas tratarem câncer. Isso vai virar metástase. Vai aumentar o custo do SUS. É prevenção. É tratamento. Eu estou falando das cirurgias eletivas na pandemia, de farmácia popular [...] A discussão do orçamento, nós precisamos partir da vida real das pessoas, das necessidades mais relevantes da sociedade".
Indagado sobre forma alternativa de gerar receita, o ex-ministro adiantou que o Gabinete de Transição do governo eleito está fazendo uma discussão aprofundada sobre corte de despesas e aumento da eficiência do gasto público. "Tem uma discussão aprofundada sobre corte de despesas, aumento de eficiência do gasto público, combater desperdícios que estamos identificando. Aumento de receita não significa aumento de carga tributária", afirmou.
Anúncio da Defesa
O ex-ministro informou ainda que o gabinete de transição deve formalizar a instalação de um grupo técnico da Defesa, que deve ter a participação de oficiais das Forças Armadas, quando Lula voltar para o Brasil.
"Do GT de defesa, acho que vamos ter uma excelente composição, mas nós só vamos bater o martelo com o presidente. Como o presidente viajou e teve uma agenda muito pesada, com muita coisa acontecendo, nós vamos esperar, não faz diferença nenhuma [...] Pode ter algumas questões institucionais, o lugar das Forças Armadas, a relação com a Constituição, mas isso não é um papel do grupo de trabalho", afirmou.