Convite de Bolsonaro às embaixadas fala em missão diplomática, sem citar urnas
Reunião com embaixadores estrangeiros está marcada para tarde de 2ª feira, no Palácio da Alvorada
O cerimonial do Palácio do Planalto não cita qual a pauta do encontro que o presidente Jair Bolsonaro está propondo com embaixadores estrangeiros na próxima 2ª feira (18.jul). O convite encaminhado pela presidência da República, ao qual o SBT News teve acesso, apenas diz que é mais uma missão diplomática e pede que as embaixadas e consulados respondam a confirmação da presença para um e-mail do cerimonial da presidência.
O Planalto vê a ação como uma contraofensiva ao movimento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, que se reuniu com embaixadores estrangeiros em missão em Brasília no final de maio para defender a confiança no processo eleitoral brasileiro. Na ocasião, Bolsonaro chamou de "estrupro à democracia" a ação do ministro, que estaria usurpando competência do Executivo ao tratar de temas de política externa com estrangeiros.
O encontro patrocinado por Bolsonaro encontrou resistência no Itamaraty. Na avaliação de diplomatas, o convite, uma vez materializado, teria o potencial de gerar uma nova polêmica com a comunidade internacional. Mas a orientação da diplomacia foi voto vencido. O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, passou então a tratar do assunto diretamente com Bolsonaro, ajudando-o na organização.
Para a comunidade internacional, Fachin tem deixado claro que há risco de acontecer no Brasil algo pior do que o episódio do Capitólio, quando apoiadores do ex-presidente americano Donald Trump, inconformados com o resultado das urnas, invadiram a sede do Legislativo norte-americano.
Na semana passada, quando voltou a dizer que convidaria mais de 150 embaixadores, o presidente afirmou que vai apresentar um powerpoint aos estrangeiros. "O assunto será um PowerPoint, nada pessoal meu, para nós mostrarmos tudo que aconteceu nas eleições de 2014, 2018, documentado, bem como essas participações dos nossos ministros do TSE, que são do Supremo, sobre o sistema eleitoral", disse.
Na 4ª feira (13.jul), o Tribunal de Contas da União, em relatório do ministro Bruno Dantas, concluiu mais uma etapa de auditoria do sistema eleitoral e voltou a garantir que não existe risco para a votação dos eleitoral. O TCU afirmou que o sistema tem várias etapas de auditagem e que o voto eletrônico é seguro.