Sob pressão internacional, Bolsonaro exalta ações voltadas a indígenas
Presidente da Funai também tem destacado trabalho do órgão após reações às mortes de Dom e Bruno
SBT News
O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em uma rede social no início da noite desta 2ª feira (20.jun) que durante a gestão dele o investimento na proteção de indígenas isolados aumentou em mais de 300%.
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Os números foram citados por Bolsonaro após a morte do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari, onde vive o maior grupo de índios isolados do país. Na região, a estrutura da Fundação Nacional do Índio (Funai) encolheu nos últimos anos. O indigenista, que havia se licenciado do cargo, foi exonerado da função de coordenador da unidade da fundação e ninguém ocupou a vaga deixada por ele.
No início da noite desta 2ª, ao chegar ao Palácio da Alvorada, o presidente falou sobre a Amazônia, segundo ele, "existe o crime ambiental, mas não como falam".
O delegado federal Marcelo Xavier, atual presidente da Funai, que foi proibido pela Justiça de citar Bruno e Dom Phillips porque deu declarações em que culpava as vítimas, também esboça uma reação, pressionado pelo Palácio do Planalto. Em grupos de WhatsApp, ele disparou um relatório com 14 páginas com dados que ele aponta serem oficiais. O presidente da fundação ainda está compartilhando mensagens em que garante que a Funai realiza ações permanentes e contínuas de monitoramento e fiscalização.
Nas mensagens, Marcelo Xavier cita o primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff e acusou a petista de ser a responsável por delimitar a menor área de demarcação de terras indígenas desde a redemocratização do Brasil. O presidente da FUNAI também acusa os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso de negligência na proteção dos indígenas.
Desde o início do mandato, Bolsonaro não fez nenhuma demarcação e o presidente da República tem dito que poderá não cumprir decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) caso os ministros decidam contra o chamado Marco Temporal, que diz que a demarcação de terras indígenas deve seguir o critério segundo o qual os grupos só poderão reivindicar o território se as terras tiverem sido ocupadas antes da data de promulgação da Constituição de 1988.
A tentativa de reação de Bolsonaro e do presidente da Funai acontece por causa da repercussão internacional e dos estragos que o caso está gerando para o governo brasileiro. Os assassinatos de Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira expuseram declarações do presidente Jair Bolsonaro que, durante os três anos de governo, negou a ação ilegal na região Amazônica.
O caso deve impactar também na tentativa de diálogo de integrantes do Ministério do Meio Ambiente que, buscavam interlocução com representantes de grandes empresas que haviam colocado as negociações com o Brasil na prateleira.
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