Eleições Municipais 2024: Com reeleição quase garantida no Recife, João Campos pensa em 2026
Prefeito desagrada PT e escolhe vice de confiança para deixar no cargo quando sair para campanha ao governo do Estado
O prefeito de Recife, João Campos (PSB), guarda na memória dados de duas pesquisas. A primeira foi divulgada no final de 2023 pela Atlas Intel e o colocou como o prefeito mais bem avaliado do país, com 81% de menções positivas. A segunda foi produzida pela consultoria Bites e saiu em maio. Mostra que o político tem 3,1 milhões de seguidores nas redes – o segundo colocado, Eduardo Paes, do Rio, tem 1,7 milhão.
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Para se ter uma ideia da influência de Campos nas redes, durante o momento mais tenso da tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, o político do PSB conseguiu mais engajamento ao tratar da calamidade do que todos os prefeitos, inclusive os gaúchos. Em seis posts, o pernambucano alcançou 269.822 interações, resultado três vezes superior ao conseguido pelo prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (84.716), por exemplo.
Criticado por adversários pelos gastos com propaganda, Campos é o favorito para se reeleger ainda no 1º turno. Quase certo da vitória, já organiza a chapa de outubro pensando em deixar o cargo de prefeito daqui a dois anos para entrar na campanha de governador de Pernambuco.
A corrida pela vice
Hoje a disputa pela vice de João, como é chamado no Recife, é mais empolgante do que a pré-campanha. O favoritismo eleitoral transforma o vice no potencial prefeito em 2026 – quando João Campos deve disputar o governo estadual. Os petistas tentaram abrir negociação para emplacar o vice, mas foram escanteados logo no início da corrida. Um dos cotados era Carlos Veras, deputado federal eleito em 2022.
O PSB de Campos e o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de aliados no campo federal, guardam desconfianças mútuas e históricas em Recife. O escolhido de Campos será Victor Marques, homem de confiança e chefe de gabinete. Marques se filiou ao PCdoB e, pelas projeções atuais, será o prefeito do Recife a partir de meados de 2026.
Herança de Eduardo Campos
Observadores da política pernambucana relatam que uma das características de João Campos foi herdada de seu pai, o ex-governador e ex-presidenciável Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo, no meio da campanha eleitoral, em agosto de 2014. Naquele ano, Dilma Rousseff foi reeleita para a Presidência.
“Ele parece Eduardo Campos, faz amizade com todo mundo”, disse um político pernambucano. Nos últimos meses, Campos voltou às boas com a prima Marília Arraes (Solidariedade).
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João e Marília, bisneto e neta do ex-governador Miguel Arraes, protagonizaram uma das brigas mais curiosas da recente história política, quando disputaram a prefeitura em 2020. Teve troca de acusações de corrupção partidária – Marília, hoje no Solidariedade, era do PT – e até xingamentos de "frouxo".
Tudo em debates televisivos ou postagens nas redes. Com a paz familiar em dia, Campos indicou um aliado de Marília para uma secretaria municipal no último mês de maio. Foi mais um passo para a campanha. De 2026, diga-se.
Quem são os pré-candidatos no Recife:
João Campos (PSB)
Atual prefeito da capital, é tido como favorito para a reeleição. Deve ficar no cargo por mais dois anos. Campos pretende disputar a corrida para o governo estadual de 2026.
Gilson Machado (PL)
O folclórico ex-ministro de Bolsonaro é o nome do PL para a disputa. Sanfoneiro, ele servirá de âncora do partido para lembrar o ex-presidente ao longo da campanha. Perdeu a disputa para Senado em 2022 para um nome petista, a atual senadora Teresa Leitão.
João Paulo (PT)
Ex-prefeito do Recife por dois mandatos bem avaliados, o economista é o nome de uma ala do PT que defende uma candidatura própria, mesmo com poucas chances de se viabilizar. Hoje o petista é deputado estadual.
Túlio Gadelha (Rede)
Deputado federal em segundo mandato, o advogado tem atuação nas áreas de meio ambiente e reforma agrária. A dificuldade de Gadelha hoje está na própria força do partido no Recife e no favoritismo de Campos.
Simone Fontana (PSTU)
Professora da rede pública, a pedagoga já foi candidata ao governo, ao Senado e à prefeitura. De novo sem grandes chances na corrida eleitoral, marca a posição da legenda na campanha.
Tecio Teles (Novo)
Ligado à vice-governadora Priscila Krause, de quem foi chefe de gabinete, o advogado já perdeu duas eleições para vereador em 2008 e 2020. A presença agora na disputa é uma tentativa do Novo em marcar presença na campanha.