Agressão de Datena a Marçal é resultado de protagonismo do discurso de ódio em debates, diz advogado
Peter Fernandes vê eleição para prefeito de SP "no fundo do poço": "Não há movimento de nenhuma proposta para a população", lamenta
A agressão de José Luiz Datena (PSDB) a Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeira, na noite desse domingo (15), é resultado de protagonismo de discursos de ódio em debates entre candidatos à prefeitura de São Paulo, avaliou o advogado Peter Fernandes.
O comentarista participou do quadro Visões Brasil Agora no Brasil Agora desta segunda-feira (16) e fez análise das cenas de violência vistas no programa da TV Cultura com postulantes na disputa pela chefia do Executivo paulistano. Assista ao jornal matinal do site SBT News no YouTube, com apresentação de Jésus Mosquéra.
"A vaidade do discurso de ódio é muito perigosa", disse Fernandes. "Debate é importantíssimo. Mas não há movimento de nenhuma proposta para a população que vem sofrendo no transporte público, nos serviços públicos, na escola. Vi que Tabata [Amaral] foi a mais propositiva. Estamos no fundo do poço", lamentou.
Provocação e agressão
O advogado alertou que a população de São Paulo "tem responsabilidade grande em relação ao voto e precisa ter cuidado com discurso de ódio". "Nada justifica agressão de Datena. Mas Marçal não foi santo", completou.
"Ele tem, reiteradamente, cometido diversos crimes contra a honra com relação a todos os candidatos participando dos debates", criticou. Fernandes vê essa predominância de discursos de ódio como algo "perigoso, triste e temerário para a população".
"A população fica refém da ausência de propostas. Ele [Marçal] vem mexendo com psicológico e reputação de todos os candidatos nos debates. Óbvio que, se você participa, precisa ter condições, se manter frio e não cometer nenhum tipo de crime", ponderou.
Acusação de assédio
Antes da agressão, Marçal provocou Datena diversas vezes, com termos como "arregão" e "Jack", termo usado em prisões para identificar acusados de estupro. Também afirmou que tucano responde por assédio sexual e "dá pena".
A referência de Marçal foi a uma acusação de assédio sexual feita por uma ex-jornalista da Band contra Datena, em 2019. O apresentador negou. Depois, ela retirou denúncia e caso acabou arquivado. Ontem, ao se defender, o candidato disse que "a pessoa que me acusou se retratou publicamente em cartório, pediu desculpas".
"Minha sogra morreu depois dessas acusações, durante esse período que todos nós, da nossa família, sofremos. Ninguém suporta isso. Achei que devia satisfação a ela por ter sido acusado por um canalha desses", disse Datena, que alegou "reação humana" ao reagir às falas de Marçal com uma cadeirada.