"Não cabe ao presidente interferir no funcionamento do Congresso", diz Lula
Presidente eleito concedeu entrevista coletiva no TSE
Guilherme Resck
O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou nesta 4ª feira (9.nov), em entrevista coletiva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, em seu governo, o país voltará "à normalidade" e o Executivo não interferirá no comportamento do Congresso.
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"Então eu vim para dizer às instituições: O Brasil vai voltar à normalidade, a gente vai voltar a dormir tranquilo, a gente vai voltar a sonhar, a gente vai voltar a ter o prazer e o orgulho de ser brasileiro, um tempo de paz", afirmou Lula, se referindo à sua visita ao TSE, ao STF e aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Posteriormente na entrevista, declarou: "O nosso papel é saber o seguinte: não cabe ao presidente da República interferir no funcionamento da Câmara nem do Senado. Nós somos Poderes autônomos. Nem eles interferem no nosso comportamento, nem nós no deles, e assim a sociedade vai viver tranquilamente, democraticamente, e as coisas vão acontecer".
Segundo Lula, não cabe ao chefe do Executivo federal interferir em quem será o presidente das Casas do Congresso. Dessa forma, em seu mandato, serão os próprios senadores e deputados que escolherão o nome para o posto. "O papel do presidente da República não é gostar ou não de quem é presidente, é conversar com quem dirige a instituição", complementou o petista.
Nas conversas com Lira e Pacheco, disse, os políticos demonstraram "muita disposição" em concordar com coisas que propõe, como a PEC da Transição. Ainda de acordo com o petista, não enxerga "dentro da Câmara ou dentro do Senado essa coisa de centrão". "Eu enxergo deputados que foram eleitos e que, portanto, nós vamos ter que conversar com eles para garantir as coisas que serão necessárias para melhorar a vida do povo brasileiro".
Em outro momento da coletiva, o petista disse que "um governante tem que ter clareza que precisa lidar com as pessoas que foram eleitas". "Seria importante que a gente só pudesse lidar com as pessoas que a gente gosta, mas a gente tem que lidar com pessoas que pensam diferente da gente e a nossa obrigação é tentar convencê-las das coisas que nós queremos que aconteça neste país. Eu já disse muitas vezes que a gente não tem que olhar o Congresso e o centrão. O centrão é uma composição de vários partidos políticos que o PT tem que aprender a conversar, o Alckmin tem que aprender a conversar, que eu tenho que aprender a conversar e tentar convencê-las da nossa proposta. Isso nós vamos fazer com muita competência, porque o Brasil não tem tempo de mais briga".
Ida ao TSE
Conforme o presidente eleito, visitou o TSE primeiramente para agradecer "o comportamento e a lisura do comportamento do Poder Judiciário no enfrentamento à violência, no enfrentamento a ilegalidade, ao desrespeito democrático que estava sendo praticado neste país". Aos representantes das instituições com quem conversou nesta 4ª feira, falou que as respeita. Na 5ª feira (10.nov), o petista deverá visitar o Superior Tribunal de Justiça (STJ).