Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é eleito presidente da República
Lula assume a presidência pela 3ª vez; ex-líder sindicalista concorreu em 2022 pela sexta vez
Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito neste domingo (30.out) como novo presidente da República. Lula assume a Presidência pela 3ª vez, 12 anos após o fim de seu 2º mandato. O petista foi presidente do Brasil entre 2003 e 2011. A posse do presidente eleito que comandará o país pelos próximos quatro anos está prevista para 1º de janeiro de 2023.
Lula teve 50,90% dos votos contra 49,10% de Jair Bolsonaro (PL).
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Em um contexto de grande polarização política, Lula assume com o desafio de reconciliar o país. Há poucos dias, afirmou que pretende fazer um grande pacto com governadores e convencer a sociedade de que a partir de 2023 o protagonista será o Brasil.
"A hora que fechar a urna e anunciar, terminou. Não tem mais bolsonarista ou lulista, flamenguista ou vascaíno, corintiano ou palmeirense. Numa sociedade civilizada, disputa da forma mais democrática possível, briga pelo seu candidato, luta pelo seu candidato, acabadas as eleições, tem o resultado. Quem ganhou governa, quem perdeu chora. É assim. Simples assim", disse Lula.
Biografia
Natural de Garanhuns, Pernambuco, Lula nasceu em 27 de outubro de 1945. De família pobre, o presidente eleito trabalhou ainda criança, aos 12 anos, como entregador de roupas em São Paulo e foi auxiliar geral em uma fábrica. Aos 14 anos terminou o ginásio e entrou no curso técnico de torneiro mecânico do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Arrumou seu primeiro emprego como metalúrgico na Fábrica de Parafusos Marte.
Como operário, em São Bernardo do Campo, em 1967, Lula começou a frequentar o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, sob influência do irmão Frei Chico, militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi no ofício que recebeu o apelido "Lula".
No final dos anos 1970 e 1980, liderou grandes greves de metalúrgicos da região do ABC paulista. Junto a outros sindicalistas, intelectuais e militantes de movimentos sociais, fundou o Partido dos Trabalhadores (PT). Foi nesse período de redemocratização que teve início a sua trajetória política. Tendo sido eleito deputado federal pelo estado de São Paulo em 1986.
Trajetória política
Em 1989, Lula concorreu à presidência da República pela primeira vez. Mas perdeu para Fernando Collor de Mello. Ele também perderia as duas eleições seguintes, de 1994 e 1998, para Fernando Henrique Cardoso. Mas venceu a corrida presidencial em 2002, quando enfrentou José Serra. Ele também foi reeleito em 2006, ao vencer Geraldo Alckmin, hoje o seu atual vice.
Principais eixos de campanha
Enquanto esteve no poder, o governo de Lula ficou conhecido pela execução de programas sociais, como Bolsa Família - que visava transferência de renda para as famílias mais pobres do Brasil, e foi considerado um dos principais programas de combate à pobreza no mundo, segundo a revista britânica The Economist - e o programa Fome Zero.
O governo Lula também teve destaque econômico com o avanço do Produto Interno Bruto (PIB). Além de ações de crescimento do país no cenário internacional. Como na atuação no Mercosul e no grupo dos BRICs. Ele foi conhecido por ser um dos presidentes mais populares da história brasileira. Também foi o ex-presidente que anunciou a exploração comercial do pré-sal, que criou o Luz para Todos e o Programa Universidade para Todos (Prouni).
O presidente eleito prometeu fortalecer esses programas e "retomar a construção de um tempo de harmonia, com emprego, prosperidade e o fim da fome e da extrema pobreza", afirmou Lula, recentemente.
Operação Lava Jato
Após deixar a presidência da República, Lula foi alvo da Operação Lava Jato, que revelou o repasse de bilhões de reais em propina a políticos.
Entre os casos que dizem respeito ao ex-presidente na operação estão o triplex no Guarujá e o Sítio de Atibaia, ambos em São Paulo. Os dois locais foram associados à Lula e, supostamente, teriam sido direcionados a ele como forma de retorno político. A condenação foi proferida pelo ex-juiz Sergio Moro, e, à época, havia sido a primeira vez na história em que um ex-presidente foi condenado por um crime comum no Brasil.
Lula ficou preso por 580 dias na sede da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba (PR), pela operação ter sido conduzida pelo estado. Na sentença de Moro, ele havia condenado o petista a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação do triplex do Guarujá.
Em novembro de 2019, Lula deixou a prisão após o juiz Danilo Pereira Júnior, da 12ª Vara Criminal Federal de Curitiba, ter autorizado que o ex-presidente respondesse pelo processo em liberdade. A medida veio após o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que não deve haver prisão após condenação em segunda instância.
Em 2021, o STF anulou as condenações de Lula por motivos técnicos e os processos prescreveram. Moro foi considerado parcial para punir Lula e os processos deveriam tramitar no Distrito Federal, não no Paraná.
Vida pessoal
Lula foi casado por 43 anos com Marisa Letícia Lula da Silva, que morreu em 2017 após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral).
Antes de Marisa Letícia, o presidente eleito foi casado com Maria de Lourdes da Silva, que faleceu devido a hepatite que afetou o ovário durante o oitavo mês de gravidez de um filho com o petista.
Em maio deste ano, Lula se casou com a socióloga Rosângela Silva, a Janja. Os dois se conheceram um pouco antes da prisão do ex-presidente. Ela o visitava com frequência enquanto Lula esteve preso na sede da Polícia Federal em Curitiba.
Lula e Alckmin
Criticado quando fez a escolha do seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), Lula na época afirmou que a aliança foi para abrir uma frente ampla em defesa da democracia, ameaçada, segundo Lula, por Jair Bolsonaro (PL).
O vice-presidente da República eleito, é ex-governador do estado de São Paulo e deixou o Partido Social da Democracia Brasileira (PSDB), após mais de 30 anos para se unir à chapa de Lula.
O político de 69 anos é médico de formação, e também atuou como professor de medicina na Universidade Nove de Julho. Alckmin também é um dos fundadores do PSDB.
Lula e Alckmin se enfrentaram no segundo turno da eleição presidencial, em 2006, quando o petista foi reeleito para a presidência da República.
Lula costurou alianças valiosas que foram consolidadas no segundo turno das eleições. Reuniu no mesmo palanque a senadora Simone Tebet (MDB) e a deputada eleita Marina Silva (Rede), que estava rompida com a legenda desde 2009.
Nas redes sociais, teve como grande aliado o deputado federal André Janones (Avante-MG), nome de destaque para conter a "guerra digital" travada com o adversário, Jair Bolsonaro (PL).
O comportamento defensivo do PT e de Lula em relação à publicação de notícias falsas nas redes, deu lugar ao ataque. Janones retirou sua pré-candidatura à Presidência da República e oficializou seu apoio a Lula em agosto e conseguiu pautar o debate político na internet. O parlamentar orientou a ofensiva contra as notícias falsas, mobilizou a militância e fez a diferença nas redes e fora dela.
