São Paulo: Tarcísio, aliado do presidente, é favorito contra Haddad
Disputa de 2º turno no maio colégio eleitoral do Brasil foi um espelho de confronto Lula e Bolsonaro à Presidência
Os eleitores de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, decidem neste domingo (30.out) entre os candidatos Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). É a primeira vez há mais de duas décadas que o eleito a assumir o Palácio dos Bandeirantes não será do PSDB - os tucanos comandam há 28 anos.
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Tarcísio é favorito na disputa. Com o apoio do presidente, Jair Bolsonaro (PL), venceu o primeiro turno com 42,32% dos votos válidos, contra 35,70% do candidato do PT. As pesquisas indicavam cenário inverso, nos dias anteriores. Nas pesquisas do segundo turno, o candidato do Republicanos aparece na frente. Na Ipec divulgada neste sábado (29.out), tem 52% dos votos válidos. Haddad, 48%.
São 34,6 milhões de eleitores e a maior máquina de governo do país. O resultado em São Paulo espelha o duelo de forças entre os padrinhos políticos, o presidente Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas também tem peso no equilíbrio de forças nacional, para o novo governo. Assim como ter maioria no Congresso é importante para o Executivo e a governabilidade, ter como aliado o governador paulista é estratégico.
O resultado, qualquer que seja, marca também o fim de uma hegemonia de 28 anos à frente do Palácio dos Bandeirantes do PSDB. Rodrigo Garcia, que assumiu o governo em maio, após a renuncia de João Dória (PSDB) - que tentava viabilizar sua candidatura à Presidência, pelo partido, sem sucesso -, virou terceira via na disputa polarizada entre o petismo e o bolsonarismo. É considerado um novo tucano.
O estado é o berço do PSBD, fundado em 1988. Depois da derrota do ex-governador Geraldo Alckmin na disputa presidencial de 2018, o partido foi esvaziado e implodiu com a entrada de Dória na disputa pelo comando da legenda. Garcia chegou a alimentar a esperança de virar a disputa no primeiro turno e enfrentar o petista, Mas ficou na terceira colocação. No segundo turno, ele declarou apoio e embarcou na campanha de Tarcísio. Não só pediu voto como saiu com ele para as ruas e colocou a máquina na campanha.
Com apoio massivo de Bolsonaro, o ex-ministro de Infraestrutura, novato em disputas eleitorais e atacado por ser um "forasteiro" no estado -- apesar de seus vínculos com São José dos Campos, no Vale do Paraíba -, deixou os adversários para trás nas urnas.
Perfis
Tarcísio de Freitas (Republicanos) - Nasceu em 19 de junho de 1975, no Rio de Janeiro. Se graduou em ciências militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em 1996, e em engenharia civil pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), em 2022. Em 2004, se tornou mestre em administração de empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Fez pós-graduação em logística pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, em 2004. Depois, concluiu mestrado em engenharia de transportes pelo IME. Fez uma extensão em parcerias público-privadas na Public Administration International (PAI), em Londres, em 2012. Em 2011, atuou como coordenador-geral de auditoria da área de transportes na Controladoria-Geral da União (CGU). De 2011 a 2014, foi diretor-executivo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). De 2014 a 2015, atuou como diretor-geral do Dnit. Depois, em 2016, se tornou secretário de Coordenação de Projetos PPI da Presidência da República, cargo que ocupou até 2018. No último ano, foi presidente do conselho de administração da Empresa de Planejamento e Logística (EPL). De 2019 a março deste ano, foi ministro da Infraestrutura do Brasil. Nunca havia concorrido a qualquer cargo na política. Concorreu, neste ano, pela coligação São Paulo Pode Mais (Republicanos/PL/PSD/PTB/PSC/PMN).
Fernando Haddad (PT) - Nasceu em 25 de janeiro de 1963, em São Paulo. Se graduou em direito pela Universidade de São Paulo (USP), em 1985, e, em 1986, foi aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Em 1990, se tornou mestre em economia, pela USP. Já em 1996, concluiu o doutorado em filosofia pela instituição de ensino. No ano seguinte, se tornou professor do Departamento de Ciência Política da USP. Foi ministro da Educação, de 2005 a 2012, e prefeito de São Paulo, de 2013 a 2017. Concorreu à reeleição em 2016, mas não foi eleito. Em 2018, disputou o cargo de presidente da República, mas não conseguiu se eleger. Em sua trajetória, tem também atuações como chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico do município de São Paulo, assessor especial do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e secretário-executivo do Ministério da Educação. É professor de ciência política na USP. Concorreu, neste ano, pela coligação Juntos por São Paulo (PT/PCdoB/PV/PSB/Psol/Rede/Agir 36).