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Candidato pela sexta vez, Lula mira vitória inédita no primeiro turno

Ex-presidente lidera pesquisas e luta para evitar 2º turno, em que antipetismo pode ganhar força

Candidato pela sexta vez, Lula mira vitória inédita no primeiro turno
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Com o arrependimento de apenas não ter feito mais nos governos petistas, mesmo após escândalos de corrupção e uma prisão de 580 dias -- mas com todas as condenações posteriormente revertidas pela Justiça -- o principal nome do Partido dos Trabalhadores chega à sexta corrida presidencial perto de conseguir uma vitória inédita em primeiro turno. Ao longo de três décadas, apenas em 2006 Luiz Inácio Lula da Silva esteve tão perto de ganhar uma eleição como está agora.

O desempenho, que indicava metade dos votos segundo pesquisa Datafolha divulgada às vésperas das eleições daquele ano, se repete no mesmo levantamento de 2022 -- que prevê o petista com 50% dos votos válidos neste dois de outubro. Para colocar o feito adiante desta vez, Lula trouxe para o seu lado o ex-governador Geraldo Alckmin. O mesmo que o impediu de vencer em primeiro turno há dezesseis anos.

Antes um adversário político filiado ao PSDB, com rivalidades entre quem também cobiçava o Planalto, Alckmin agora faz parte da mesma chapa, em uma estratégia de campanha semelhante à adotada na primeira vez em que Lula foi eleito presidente. No longínquo 2002, o petista ia para sua terceira corrida presidencial de forma diferente das duas eleições anteriores: quebrou as fronteiras do próprio partido e buscou diálogo com o mercado. Ponte construída pelo o apoio de José Alencar, que viria a se tornar seu vice-presidente. Curiosamente, a união daquele período foi costurada por Valdemar Costa Neto, político que segue no comando do hoje Partido Liberal e direciona a candidatura de Jair Bolsonaro nessas eleições.

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Em uma tentativa de remeter o Brasil a uma memória do passado, Lula se mostra próximo a retomar o poder sem grandes reinvenções. A ausência de um plano de governo detalhado, com declarações dúbias a respeito da economia e sem deixar claro como retomará direitos trabalhistas, faz com que o petista mantenha arestas com setores do mercado. Por outro lado, o Lula de 76 anos difere do de 60 de sua última eleição na capacidade de atrair influenciadores. O movimento com nomes de destaque no ambiente digital -- entre eles o deputado André Janones (Avante-MG), que chegou a colocar-se como oponente na disputa pelo Planalto -- engrenou na reta final da atual campanha e permitiu ao petista invadir uma área até então dominada pelo bolsonarismo. Além de reforçar a presença do candidato frente ao eleitorado jovem, que tem preferência pelo ex-metalúrgico. 

Em 2022, o antigo Lula articulador também se mostrou presente. Apostando no diálogo e retomando relações que pareciam ter chegado ao fim -- como o apoio de parte do MDB, que antes corroborou para retirar o poder de Dilma Rousseff -- e as pazes com Marina Silva, que agora até faz parte de propagandas do petista. Os movimentos, justificados em campanha pelos caminhos percorridos pelo Brasil nos últimos quatro anos, ganham fôlego ao mostrar Lula como um candidato capaz de trazer pluralismo e contemplar visões distintas em um mesmo governo. Assim como a aliança com o ex-tucano histórico Geraldo Alckmin, os movimentos criam uma oposição a Bolsonaro, visto como sectário que conversa apenas com a própria base ideológica.

Autocrítica e combate à fome

Atualmente, Lula não responde a nenhuma ação na Justiça. Mas a ausência de autocrítica, cobrada dos governos encabeçados pelo PT pelos escândalos do Mensalão e do Petrolão, seguiu distante em todo o período de campanha. As defesas ao tema foram limitadas às ações para maior transparência, implementadas nos governos petistas, e ofuscadas em respostas que resgataram um ponto alto de seus mandatos: o combate à fome. O que também deu espaço às lembranças da própria história de Lula. Foram diversas citações à origem humilde e infância com dificuldades nos discursos recentes.

Tais argumentos ganharam destaque em um período no qual três em cada dez famílias enfrentam algum grau de insegurança alimentar, segundo estudo divulgado no último mês pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar. A forma como o problema será solucionado, no entanto, segue pouco detalhada. "Eu posso fazer, porque eu já fiz", foram palavras usadas como argumento em entrevista concedida pelo petista ao SBT dez dias antes do primeiro turno das eleições.

Paralelo ao costume de relembrar a própria história, o pernambucano, que começou a carreira política ao liderar movimentos sindicais quando era metalúrgico no ABC Paulista na década de 1970, buscou modernizar memórias para se aproximar da parte do eleitorado cobiçada por ele e por Bolsonaro: as mulheres. Menções à dona Lindu, apelido da mãe, Eurídice Ferreira de Melo, foram recorrentes ao longo da vida do petista. Mas a matriarca, que no passado foi apresentada como uma personagem de ascensão pessoal de Lula, agora é colocada como um símbolo de resistência e de força da mulher.

"Eu tenho orgulho de dizer: a minha mãe, a Dona Lindu, em 1956,  teve coragem de largar do meu pai com oito filhos, sem ter onde morar, mas ela falou 'eu não moro com um homem que levanta a mão para mim'", relembrou o petista no primeiro discurso oficial de campanha, realizado no Vale do Anhangabaú. Naquela ocasião, os esforços em se aproximar das mulheres de baixa renda e do núcleo evangélico -- no qual Bolsonaro tem preferência -- também ganharam destaque. Mesmo o posicionamento de "a igreja não deve ter partido", proclamada por ele no mesmo dia, foi proclamada em meio à referências cristãs. Como quando o candidato disse não recorrer a padres ou pastores para falar com Deus, mas opta por se trancar no próprio quarto. A construção é semelhante a de uma passagem bíblica popular entre evangélicos, que faz a mesma recomendação para orações.

Passado e presente

O início da carreira política do candidato natural de Caetés (PE) ganhou impulso com a criação do PT, em 1980. A proposta de legenda, também encabeçada pelo então trabalhador da indústria, veio pouco após ele despontar no cenário nacional como líder do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema. Naquele mesmo ano, ele foi preso como uma forma de coibir uma greve que estava em andamento por grupos sindicais. Foi solto após 31 dias, em uma campanha contra as ações do governo militar.

O Lula que contribuiu com a Constituição de 1988 e concorreu a todas as eleições que poderia ter participado desde que entrou na carreira política -- com exceção das que apoiou Dilma e quando foi barrado por estar preso em Curitiba -- pode ser uma das poucas figuras a qual cabe o recurso de se embasar uma campanha nos governos do passado. Com o primeiro mandato que atingiu 52% de aprovação, um feito até então inédito, ele chega neste domingo como o candidato favorito aos próximos quatro anos no Palácio do Planalto. Caberá à votação de hoje decidir se as ações para isolar a corrupção e exaltar feitos positivos de seu governo foram suficientes para um inédito primeiro turno. Ou se o Brasil ainda terá mais um mês de campanha. O que se sabe é que Lula espera repetir o candidato vencedor de 2002 e 2006 e deixar no passado o candidato derrotado de 1989, 1994 e 1998.

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