Com foco em mulheres e marcando espaço religioso, Lula faz evento em SP
Ainda em campanha no Sudeste, petista disse que "igreja não tem que ter partido"
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Em um tom de quem comprou a briga pelo eleitorado feminino e não abrirá mão do diálogo com núcleos evangélicos, o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez, neste sábado (20.ago), um discurso que marcou o início da campanha petista. No Vale do Anhangabaú, em São Paulo, para uma plateia de 70 mil apoiadores, Lula exaltou mulheres e marcou seu ponto na discussão religiosa: "Igreja não tem que ter partido".
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"O estado não tem que ter religião. Todas as religiões têm que ser defendidas pelo estado, mas quero dizer que as igrejas não têm que ter partido político. As igrejas têm que cuidar da fé e da espiritualidade das pessoas, e não cuidar da candidatura de falsos profetas ou de fariseus que estão enganando o povo", declarou. Na última semana, o petista se referiu ao presidente Jair Bolsonaro como "fariseu".
As afirmações de Lula, no entanto, vieram mescladas a referências cristãs. Em parte do discurso, que levou quase 40 minutos, o candidato disse não recorrer a padres ou pastores para falar com Deus, e que em vez do movimento, opta por se trancar no próprio quarto para conversar. Construção semelhante a de uma passagem bíblica popular entre evangélicos, que faz a mesma recomendação para orações.
"Eu posso me trancar no meu quarto e conversar com Deus quantas horas eu quiser, sem pedir favor a ninguém. É assim que a gente tem que fazer para não ser obrigado a escutar pessoas contando mentiras quando deveriam estar cuidando da fé", disse.
Em aposta para consolidar o eleitorado feminino de rendas inferiores, que também é alvo de Jair Bolsonaro, Lula disse que a mulher "é heroína". O petista citou o aumento do feminicídio da violência contra mulheres, relembrando a implementação da Lei Maria da Penha, que pune casos de agressão contra elas. Também afirmou que o número de mulheres endividadas aumentou. O candidato ainda prometeu, caso venha a ter um terceiro mandato, que empregadas domésticas terão direitos trabalhistas.
O candidato exaltou mulheres -- assim como todo o ato deste sábado. Pouco antes de subir ao palco, a esposa do petista, Rosângela da Silva, cantou a música de campanha do Lula. O candidato, por sua vez, abriu o discurso citando o governo de Dilma Rousseff e a ex-presidente: "Uma mulher que foi eleita democraticamente pela maioria do povo brasileiro". O petista ainda relembrou o impeachment de Dilma, classificando-o como golpe, e disse que ela foi "vítima do Congresso Nacional".
Outros destaques
Lula voltou a citar a proposta de reajuste da tabela do imposto de renda, para que trabalhadores com salários inferiores paguem menos impostos, e disse que aumentará o salário mínimo acima da inflação anualmente. Também citou o aumento da pobreza e criticou a alta do preço dos alimentos no país. Neste ponto, o petista criticou diretamente Bolsonaro, afirmando que quem está no poder "precisa entender que governar é cuidar das pessoas". O candidato ainda criticou o aumento do Auxílio Brasil às vésperas do período eleitoral.
O discurso do petista foi feito para uma plateia formada por integrantes de movimentos sociais, sindicais, militantes e populares. Em um espaço que costuma ser palco de manifestações. O candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), lembrou da manifestação pelas diretas já, em 1984, quando esteve com Lula. "Estávamos, há 40 anos, do mesmo lado, o lado da democracia. E quase 40 anos depois voltamos, porque o Brasil precisa", afirmou.
O ato
Apesar do início da campanha ao longo da última semana, o ato deste sábado pode ser considerado o mais importante de Lula até o momento pela representatividade. O Anhangabaú é tido como um "berço" eleitoral do petista. E foi o maior evento realizado pela campanha do PT até o momento.
Vestindo um agasalho do Corinthians, Lula estava acompanhado de políticos que são candidatos no estado de São Paulo e de lideranças do partido que apoiam a chapa Lula-Alckmin. O evento também impulsionou as candidaturas estaduais do ex-ministro Fernando Haddad, para o Palácio dos Bandeirantes, e a do ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB), para o Senado.