Em resposta a Bolsonaro, força de segurança e órgãos de controle defendem urnas
Judiciário, PF e Ministério Público repudiam falas do presidente e reafirmam lisura do processo eleitoral
Um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro (PL) reunir embaixadores no Palácio da Alvorada, em Brasília, para atacar as urnas eletrônicas e levantar supostas fragilidades do processo de votação brasileiro usando informações já desmentidas, órgãos de controle, Polícia Federal e instituições se manifestaram ao longo desta 3ª feira (19.jul) em repúdio à conduta do presidente.
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Por meio de notas públicas, entrevistas e pelas redes sociais, houve unidade em torno do assunto. Magistrados, delegados e procuradores, por meio meio de entidades de classe, rebateram o presidente.
Polícia Federal
No meio da tarde desta 3ª feira (19.jul), a Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal (ADPF) saiu em defesa das urnas eletrônicas. A entidade publicou uma nota oficial em que manifesta total confiança no sistema eleitoral brasileiro.
A nota provocou mal-estar entre os integrantes do governo federal, principalmente no Ministério da Justiça, chefiado pelo delegado da Polícia Federal, Anderson Torres. O movimento de pressão para a divulgação do comunicado conjunto foi iniciado por delegados do Piauí.
Ministério Público
Também em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) afirmou, nesta 3ª feira (19.jul), que "o atentado em curso ao processo democrático é uma afronta ao país e aos seus cidadãos".
Os procuradores ressaltaram a confiabilidade do sistema de votação e apuração, afirmando que eles são frutos "de decisão soberana do povo brasileiro, expressada por meio do Congresso Nacional, e reiteradamente testada, sem vícios".
Já os procuradores dos Direitos do Cidadão de todo o país também publicaram documento cobrando posicionamento do procurador-geral Eleitoral, Augusto Aras. Eles pedem providências em relação às declarações do presidente Bolsonaro.
No documento, os 43 procuradores signatários -- incluindo o Procurador federal dos Direitos do Cidadão e os procuradores regionais dos Direitos do Cidadão dos 26 estados e do Distrito Federal -- sustentam que "a conduta do presidente da República afronta e avilta a liberdade democrática, com claro propósito de desestabilizar e desacreditar o processo e as instituições eleitorais".
STF: Fux e Fachin
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, nesta 3ª feira (19.jul), reforçou o posicionamento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e ministro do STF, Edson Fachin, em defesa das urnas eletrônicas. Os dois ministros estiveram reunidos um dia após resposta de Fachin dada as novas declarações do presidente em questionamento ao sistema eleitoral brasileiro.
Segundo informou o STF, Fux repudiou os questionamentos de Bolsonaro e reiterou "confiança total na higidez do processo eleitoral e na integridade dos juízes que compõem o TSE".
Ainda como resposta à ofensiva do presidente, parlamentares de oposição acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) nesta 3ª feira (19.jul) pedindo que Bolsonaro seja investigado pela reunião com embaixadores. Além dos ataques à Justiça Eleitoral, deputados citam propaganda eleitoral antecipada, improbidade administrativa e abuso de poder.