"Não vamos ter posto Ipiranga", diz Doria sobre eventual governo
Na Brazil Conference 2022, tucano se denominou "um liberal social"
Em sabatina no Brazil Conference 2022, o ex-governador de São Paulo e pré-candidato a presidente da República, João Doria (PSDB), voltou a dizer, neste domingo (10.abr), que num eventual governo não terá um "posto Ipiranga" da economia - como o presidente Jair Bolsonaro (PL) se referiu ao ministro Paulo Guedes ainda em 2018. As diretrizes da área econômica do programa de governo do tucano nas eleições de 2022 vêm sendo estabelecidas pelo ex-secretário da Fazenda paulista Henrique Meirelles, a doutora em economia Ana Carla Abrão Costa, a mestre em direito tributário Vanessa Rahal Canado e a economista Zeina Latif.
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"Não vamos ter posto Ipiranga, até porque o posto Ipiranga faliu, e faliu rápido e não foi uma alternativa adequada ao Brasil. Vide a inflação, vide a falta de credibilidade, vide a rejeição internacional que o Brasil recebe de grandes instituições financeiras e também daquelas de crédito e de investidores internacionais", afirmou Doria no evento, neste domingo, criticando o ministro da Economia. Ainda falando sobre o que faria nesse campo em possível governo, disse que avançaria nas reformas tributária e administrativa.
Segundo o ex-governador, elas são necessárias para que um Estado comandado por um liberal esteja "ao lado dos mais pobres e reduza as desigualdades sociais". Doria se denominou "um liberal social" e acrescentou que, antes de vir à vida pública, era apenas "liberal". A mudança ocorreu porque viu, em suas palavras, "a dimensão real da pobreza".
Outro assunto abordado pelo tucano na sabatina foi as divergências internas da sua sigla: "O PSDB, por ser um partido democrático e um partido que não tem dono, ele tem o seu exercício dos que concordam e os que não concordam. Eu até prefiro conviver em um partido assim do que em um partido que tem dono. E administrar isso. Primeiro com uma relação serena e equilibrada, sem fazer confronto, mas compreendendo o pensamento daqueles que, talvez por uma afeição ao passado e pensamentos talvez um pouco mais antigos, prefiram sempre aquelas teses mais antigas e mais, eu diria, não contemporâneas. Mas eu não deixo de respeitá-los nem deixo de dialogar com eles".
Segundo Doria, a vitória do PSDB com as prévias da qual saiu como pré-candidato a presidente da República "foi a demonstração democrática" e, agora, seguirá "o mesmo caminho" na busca por um consenso com o MDB e o União Brasil, legendas com as quais o PSDB anunciará uma candidatura única à Presidência da República, em 18 de abril.
O ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, colega de partido de Doria e antigo rival deste nas prévias, falou neste domingo, na Brazil Conference, que está "na pista para negócios" para candidatura a presidente. Além disso, chamou de "boas línguas" quem se refere a ele como aspirante à Presidência.
Eduardo Leite
No evento, Leite participou do painel "Instigando o Poder Econômico do Brasileiro". Na ocasião, afirmou que lhe deixa indignado, no Brasil, o fato de a sociedade estar "no século XXI ainda discutindo o petróleo". "A gente precisa avançar para discutir energia renovável, para discutir o que o país pode e deve surfar na onda dessa nova economia, das novas matrizes energéticas que vão especialmente demandadas e é onde a gente tem oportunidade de desenvolvimento. Não é o petróleo, não é a Petrobras a oportunidade de desenvolvimento do Brasil", completou.